Prefeitura anuncia mais 60 novas viagens por dia, distribuídas entre 39 linhas.
Usando uma calculadora, ao dividir 60 por 39, encontramos aproximadamente 1,6 viagem por linha. Isso, diante do estado atual do transporte público, é muito pouco. E, mesmo que a quantidade diária de viagens, por linha, dobrassem, ainda assim, o problema do transporte público não seria resolvido.
O cidadão do município de Vitória da Conquista está pagando duas vezes para utilizar o transporte público. Quando um usuário entra em um dos veículos das duas empresas contratadas pela prefeitura e passa pela catraca, paga o valor de R$ 3,80. Mas, acontece que os ônibus que rodam nas linhas têm um custo milionário para os cofres da PMVC. Em um dos contratos, pelo período de seis meses, o poder público desembolsou mais de 15 milhões. Este valor, dividido por seis meses, é igual 2,5 milhões. Seguindo com os cálculos, e considerando que a cidade possui 340 mil habitantes, chega-se à quantia de mais de 7 reais por munícipe, pelo período.
Além de tudo isso, representantes das duas últimas gestões vem argumentando que o antigo SIT – Sistema Integrado de Transporte é deficitário. Diante disso, como não concluir que o cidadão paga duas vezes pelo mesmo serviço?
O serviço prestado
Os veículos oferecidos aos cidadãos conquistenses são, via de regra, ônibus usados e que constantemente apresentam problemas mecânicos graves como soltura de pneus, eixos quebrados, com elevadores para cadeirantes quebrados etc.
O que provocou tudo isso
São muitos os motivos que levaram o transporte público a chegar na atual situação. Desde supostas irregularidades causadas pelas empresas anteriores à gestão do MDB. Uma dessas empresas deixou de prestar o serviço depois de um longa disputa judicial, inclusive. Mas, ao que tudo indica, essa ação judicial veio a calhar, para os interesses de quem estava no comando do governo, vez que demonstrava interesse em livrar-se de quaisquer coisas feitas nas gestões do PT que trouxesse aos eleitores lembrança de seu legado.
Isso custou muito caro a Vitória da Conquista. Temos um sistema caótico, pois sobre a prometida reestruturação que seria implementada, a partir do estudo que estaria sendo feito na gestão anterior, quase nada se fala.
Nesse meio tempo, outros problemas foram criados, quando se estimulou a (des)organização do transporte com as vans. A manobra eleitoreira de prometer a regulamentação do serviço, deixando de considerar que tal atitude provocaria a quebra do sistema como fora criado, desencadeou uma série de problemas, cujas consequências ainda poderão ser sentidas por um bom tempo.
O que esperar da atual gestão
Entre as últimas decisões da prefeita Ana Sheila Lemos (DEM), a escolha do ex-diretor da Cidade Verde, Sérgio Hubner, foi uma decisão inteligente e, ao mesmo tempo, perspicaz. Pois Sérgio, sem sobra de dúvidas, conhece bem os meandros do setor, além de ter demonstrado sua capacidade de interlocução.
Entretanto, a gestão municipal falha quando deixa de comunicar à população sobre como andam as ações relativas ao transporte público.
Também se questiona a participação do Conselho Municipal de Transportes diante dos problemas enfrentados no setor. Não se percebe a sua manifestação referente às demandas próprias do setor atualmente. Na página da PMVC na internet, a última notícia encontrada pela reportagem do Blitz Conquista tem data de 26 de outubro de 2018.