Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes e harmônicos entre si. Considerando que o nosso regime é democrático, mediante os “arroubos autoritários”, é possível comparar o comportamento político de Bolsonaro, na tentativa de se manter no poder, às rodas de brigas que crianças faziam quando da minha infância lá no interior do sertão baiano, na mesma região em que ele esteve na manhã desta sexta-feira (3).
Quando, em discurso típico de quem sabe que não pode brigar com quem é maior do que ele, são feitas ameaças de “se insistirem em esticar as cordas…” ou “se quiserem jogar fora das quatro linhas…”, seu comportamento é igual ao de crianças que, com medo de apanhar, ficar falando com o desafeto para começar a briga.
Para quem não se lembra, ou não sabe, fazia-se uma linha no chão e, de cada lado, ficava um dos brigões. Então um deles desafiava o outro a pisar do lado oposto da linha. Essa discussão levava às vezes um tempo imenso, quando normalmente aparecia um adulto para acabar com a ingrisia. Via de regra, tais confusões eram insufladas por “amigos”, que ficavam por perto para zoar depois.
No contexto dessa alegoria, Bolsonaro às vezes se comporta como um brigão medroso e, às vezes, como o “amigo, que quer ver o “circo pegar fogo” para tirar proveito da situação. Quando o representante do Poder Executivo não está batendo boca com um dos demais poderes, fica torcendo que eles não se entendam. Mas, o pior e mais ardiloso é tentar fazer com que a opinião pública se rebele contra as instituições democráticas, para se lançar como o “salvador da pátria”, e quem sabe, talvez, justificar uma intervenção militar. E, no caso desta última possibilidade, existem muitos direitistas suspirando, implorando para que aconteça.
Veja parte do discurso de Bolsonaro: