Após entrevista Kassab (PSD) à uma rede de tv nesta segunda-feira (6), ficou claro que o apoio de seu partido – que “não é de direita nem de esquerda, muito pelo contrário”- a Bolsonaro nas condições atuais é ruim.
Seu partido está ligado ao bloco político conhecido como “Centrão”, que não é fiel a ninguém. Aliás, fidelidade para eles (“Centrão”) é um conceito relativizado, com uma profunda vinculação à “lei de Gérson”, temperada com a malandragem de Zé Carioca, porque, como diz Bezerra da Silva em uma de suas canções: “Malandro é malandro, mané é mané”.
Bolsonaro, muito menos valor dá à tal fidelidade. Afinal é um “sem partido”. Mas, a tendência é de o presidente ceder aos caprichos do “centrão”, devido ao enfraquecimento político que enfrenta com a baixa popularidade. Quanto mais enfraquecido o presidente estiver, mais caro será o custo pelo apoio dos partidos políticos que formam o enorme bloco fisiologista.
Para os operadores da política do fisiologismo ou do “toma lá, dá cá”, quaisquer ações de apoio ao bolsonarismo (ou de qualquer outra proposta de condução política), implica, necessariamente, o recebimento de alguma vantagem: indicação para cargos na administração pública, liberação de verbas para obras indicadas pelos apoiadores etc. Em qualquer hipótese, no fim das contas, alguém vai ter um benefício pessoal. Ou seja, o fisiologismo tem como princípio o benefício para poucos à custa do erário. Nunca a coletividade, o povo é prioridade.
Na capital da República, manifestantes pró-Bolsonaro, fazem uma peregrinação para defender a pauta do presidente: Fazendo uso de uma prerrogativa da democracia (liberdade de manifestação pacífica) para pedir o fechamento do STF – Supremo Tribunal Federal. Entre eles, muitos defendem a intervenção militar. Há, também, alguns, que por falta de noção, pedem o fechamento do Congresso.
Já avançaram sobre bloqueios, desrespeitando a “ordem” imposta pela PM do Distrito Federal, para proteção das vias no entorno da praça dos Três Poderes. Caminhões pertencentes a grandes fazendeiros também foram usados para ocupar a região. Isso demonstra como o braço político do agronegócio está se manifestando.
E o efeito das ações desastrosas do Bolsonaro enfraquecido e politicamente isolado, se reflete ainda mais intensamente na economia, que há algum tempo não se recompõe.
Diante do cenário descrito, a opção imediata e fácil, mas pouco inteligente, é de achar que intervir militarmente, fechar o Congresso e promover o impeachment de ministros do STF torna-se imprescindível. Mas não é. Basta considerar que todas as ações de Bolsonaro são para se proteger, devido ao enfraquecimento político que já foi reportado aqui. Há também uma grande reticência quanto a práticas que comprometem a sua história e de alguns de seus filhos no episódio das rachadinhas.
O outro fator é puramente político. Parece até simplória a justificativa a seguir, mas é bem plausível devido ao baixo nível de capacidade interlocutiva do presidente. Instigar segmentos populares, influenciáveis por um discurso religioso, a ir para as ruas apoiá-lo, bem como outros segmentos – alguns com objetivos bem escusos – , com o objetivo de utilizar a manifestação como “justificativa” para tomada de medidas que enfraquecem o regime democrático, além de inadequado para um Estado Democrático de Direito, é um comportamento de quem se apoia na ingênua coragem dos outros e nas estranhas pretensões de alguns que estão dispostos a fazer qualquer coisa para obter migalhas do poder.