Com o alerta de mais chuvas intensas na Bahia a partir da noite deste domingo (19), durante todo o dia os trabalhos de prevenção de acidentes mais graves foram intensificados pelo Gabinete Avançado do Governo do Estado, montado no município de Itamaraju, no Extremo Sul. Equipes da Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec) e do Município visitaram áreas de risco, inspecionando imóveis e notificando moradores para que procurem abrigo nas casas de parentes, amigos ou em locais oferecidos pelo poder público.
Paralelo a esse trabalho, o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia entregou 4.148 litros de água, 2.180 sacos de roupas, 457 cestas básicas, 60 colchões e 63 fardos de fraldas. Os cerca de 80 agentes da corporação continuam atuando na região, na assistência aos moradores das áreas atingidas pelos alagamentos. Também permanece na região um helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer), que auxilia na distribuição de suprimentos para comunidades mais distantes e isoladas. Três caminhões do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) também estão disponíveis nos municípios de Medeiros Neto, Jucuruçu e Prado, para que pessoas que perderam seus documentos nas enchentes possam obtê-los de forma mais rápida e gratuita.
Defesa Civil
A Sudec informa que, até este domingo (19), foram registrados 4.453 desabrigados, 15.483 desalojados e 14 mortos. O número de pessoas feridas continua em 276, e o total da população afetada 299.360. Segundo o superintendente da Defesa Civil do Estado, coronel BM Miguel Filho, o órgão está apoiando as ações dos municípios, que têm a missão de interditar e notificar os moradores em relação aos riscos da permanência em imóveis danificados pela chuva. “Quem identificar uma área com suspeita de risco, uma casa com a estrutura comprometida, pode nos procurar para que façamos a vistoria. A pessoa pode informar à Defesa Civil do seu município ou pode se dirigir à nossa base na sede da OAB, em Itamaraju, ou ainda ligar para o número (71) 3115-3000”.
Os moradores de Itamaraju que foram notificados a deixar seus imóveis puderam recorrer ao abrigo público, montado pela Prefeitura na Escola Presidente Médici. Este foi o caso da auxiliar administrativa Sônia Ribeiro. Ela mora há 15 anos com o filho em uma casa construída em área de grande risco, no bairro 31 de Março. O imóvel está com três vigas que sustentam toda a parte do fundo da residência comprometidas. Ela soube da presença da Sudec e pediu que o imóvel fosse vistoriado. “As pessoas disseram que havia uma parte segura da minha casa. Mas a Defesa Civil disse que não. E eu só volto para casa no dia que eu tiver a garantia de que a casa está em segurança novamente. A Defesa Civil deu todo o suporte, nos atendeu muito bem.”, declarou.
A Defesa Civil da Bahia seguirá com as vistorias técnicas e orientações aos municípios, nesta segunda-feira (30), em Jucuruçu. Também para prevenir acidentes, a Sudec disponibilizou um carro de som, que faz o alerta nas áreas de risco para avisar os moradores sobre o perigo, solicitando que procurem abrigo em outros lugares. Em Itamaraju, isso foi feito, neste domingo (19), nas ruas Medeiros Neto, JJ Seabra, Quintino Bocaiúva, Espirito Santo, Grêmio, Mato Grosso e em outras localidades.
SAC Móvel
As três carretas do SAC já fizeram 630 atendimentos no Extremo Sul. Os serviços continuam sendo oferecidos nos municípios de Medeiros Neto, até o próximo dia 21, e Jucuruçu e Prado, até o próximo dia 30. Os atendimentos gratuitos incluem a emissão de RG, cadastro de pessoa física (CPF), antecedentes criminais e serviços da Ouvidoria Geral do Estado. A partir da próxima quinta-feira (23), uma unidade estará também na cidade de Vereda, onde permanece até o dia 30/12.
Coordenador da Rota 2 do SAC, Manoel Correia explica que, para o cidadão obter os documentos, é necessário apresentar certidão de nascimento ou de casamento. “Entretanto, quem perdeu todos os documentos, inclusive as certidões, pode procurar a nossa unidade, nós faremos a pesquisa e vamos fazer uma busca para tentar emitir o RG dessa pessoa”, explicou. No local, há um carro para que as pessoas possam também tirar a fotografia necessária para o documento.
Pequeno produtor rural, Valmir Vieira, 39 anos, compareceu para tirar um novo RG. “A gente teve muitos danos, temos uma associação com cerca de 40 famílias. Eu perdi tudo, casa, colchão, panela, e até os documentos a gente perdeu. Então, eu quero agradecer, porque já recebemos cestas básicas, agora posso tirar meu documento. Por enquanto, estou ficando na casa da minha mãe, no bairro do Corujão, esperando a hora de reconstruir tudo, mas, por enquanto, estamos dependendo de ajuda”.