Havia torcedores chorando, emocionados, quando entraram no estádio. Isso dá uma noção do quanto o domingo foi histórico para o Corinthians. Após anos de espera e de projetos frustrados, o time paulista finalmente inaugurou a casa própria.
No entanto, o primeiro jogo oficial do Itaquerão não teve apenas emoções positivas para a torcida alvinegra. Além de um revés por 1 a 0 para o Figueirense, houve falhas em aspectos como bares, cobertura, sinalização e telefonia.
O jogo deste domingo foi o único evento-teste da Fifa e a principal prova do Itaquerão antes da Copa de 2014. O estádio vai receber o jogo de abertura do Mundial, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho.
O primeiro problema que alguns torcedores do Corinthians encontraram neste domingo, na verdade, foi anterior à chegada. As pessoas que escolheram ir de carro enfrentaram trânsito carregado e dificuldade para se aproximar do estádio.
Funcionários da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) e policiais militares batiam cabeça ao informar os caminhos de acesso ao estádio.
No perímetro da arena, a organização reconheceu que houve problemas com a sinalização de estacionamento. E depois do jogo, quando já estava escuro, não havia iluminação para o entorno do Itaquerão.
Outra dificuldade que ficou clara ainda nas imediações do estádio foi a questão da telefonia. O sinal de celulares era intermitente, e o uso de internet móvel beirava o impossível.
As antenas de telefonia móvel do Itaquerão foram instaladas apenas na quinta-feira, dias antes do primeiro jogo. “Só de estar funcionando é um ganho enorme. Eu falei perfeitamente lá de cima”, disse Ricardo Trade, diretor-executivo do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014.
Contudo, a reportagem flagrou vários torcedores que não conseguiram postar fotos em redes sociais porque a internet falhava. “Isso precisa melhorar, sim. Mas vocês [imprensa] não vão ter problema com isso na Copa, e é uma garantia que eu faço aqui”, completou Trade.
No interior do estádio, três coisas chamaram atenção por não funcionarem totalmente: elevadores, bares e a cobertura. No primeiro caso, houve uma queda de disjuntor. As concessões de bebidas e alimentação sofreram, na verdade, por causa do pequeno número em operação – muitos desses aparatos ainda não estão prontos.
Também houve problemas com a cobertura. O lado oeste, um dos mais nobres do estádio, ficou desprotegido quando começou a chover. Nos outros setores, houve vários registros de goteiras.
O sistema de som estava claudicante durante o hino nacional, mas funcionou muito bem em todo o jogo. O equipamento foi usado, entre outras coisas, para pedir que os torcedores não depredassem a arena. “No último evento [uma partida festiva entre ex-atletas do clube] teve 50 cadeiras danificadas”, dizia o alto-falante, que depois pedia para o público preservar o patrimônio e lembrava que o estádio seria entregue à Fifa.
Além dos problemas no estádio, houve percalços na operação. O primeiro deles foi a questão dos ingressos para o Figueirense. Segundo um grupo de torcedores, o clube catarinense os orientou a procurar a bilheteria do portão 3 do Itaquerão para comprar entradas de visitantes.
O burburinho de que uma bilheteria funcionaria neste domingo criou alvoroço. Todos os ingressos para os outros setores estavam esgotados, e torcedores do Corinthians faziam fila na bilheteria do portão 3 antes mesmo da chegada da torcida do Figueirense.
De acordo com a diretoria do Corinthians, o Figueirense tinha direito a um limite de 2 mil ingressos. Torcedores organizados do clube catarinense pediram cerca de 500 entradas, e a diretoria solicitou outros 86. Todos esses bilhetes foram retirados no sábado.
A proliferação de torcedores sem ingresso deu origem a outro problema na operação: muita gente tentando burlar a segurança e entrar no estádio. Milhares de torcedores chegaram a passar pelo portão e tentaram ver o jogo pelo vão entre os prédios. Eles ficaram posicionados ali, de frente para um dos telões do estádio, mas foram retirados pela Polícia Militar aos 20min do primeiro tempo.
Também havia muitos ambulantes nas imediações do estádio. Na saída do jogo, por exemplo, dois vendedores de camisas e bandeiras falsificadas improvisaram araras e penduraram os produtos dentro do terreno do estádio. Capas de chuva também eram comercializadas por R$ 10.
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