A primeira zebra da Copa do Mundo no Brasil desfilou na tarde deste sábado, no Castelão, em Fortaleza. Sem Luis Suárez, o Uruguai fez feio, jogou mal e acabou derrotado de virada pela Costa Rica: 3 a 1. Cavani, de pênalti, até abriu o placar, mas Joel Campbell, Oscar Duarte e Marocs Ureña garantiram a surpreendente vitória costarriquenha.
Como esperado, a seleção celeste sentiu muito a falta de Luis Suárez. O atacante ficou o tempo inteiro no banco de reservas porque ainda não está 100% recuperado de uma cirurgia no joelho que fez no dia 22 de maio. O substituto Diego Forlán seguiu de mal com as redes e não conseguiu comandar o ataque uruguaio ao lado de Cavani.
A derrota já joga uma pesada pedra em cima do sonho uruguaio de protagonizar um novo Maracanazzo. Em um grupo da morte com mais dois campeões mundiais (Inglaterra e Itália, que ainda se enfrentam neste sábado), a vitória contra Costa Rica era mais que obrigação. O revés também quebra uma marca de 44 anos sem a seleção celeste tomar uma virada em Copa do Mundo – a última havia sido contra o Brasil, na semifinal de 1970.
O que não é novidade, porém, é uma estreia mal sucedida em um Mundial. Os uruguaios não sabem o que é ganhar o primeiro jogo da Copa justamente desde 1970, quando bateram Israel por 2 a 0. Desde então, são três empates e agora três derrotas.
O Uruguai volta a campo agora na próxima quinta-feira para enfrentar a Inglaterra, em São Paulo. E sem Maxi Pereira, expulso por perder a cabeça e acertar um pontapé em Campbell já no fim do jogo. No dia seguinte, a Costa Rica vai até Recife para tentar surpreender mais uma campeã do mundo, a Itália.
O jogo
Mesmo sem seu principal jogador do momento, o Uruguai comprovou logo no começo do jogo o motivo de ser o favorito do dia. A Costa Rica até ensaiou algumas jogadas de efeito, com direito a chapéu no meio de campo, e empolgou o torcedor, que, em minoria, soltou a voz nas arquibancadas aos gritos de ‘Si, se puede’.
Mas a Costa Rica não podia segurar o Uruguai por muito tempo. E o primeiro a mostrar isso foi Godín. Após cobrança da área, Cavani desviou, e o zagueiro ficou livre para estufar a rede. O juiz, porém, já parava o lance marcando impedimento, desta vez corretamente. O lance quase se repetiu logo na sequência, mas desta vez com outro personagem e em posição legal. Forlán cruzou rasteiro, a zaga desviou para trás, e Cavani ficou livre na direita, mas errou o chute, pegou muito mal na bola e mandou para longe.
O caminho, porém, estava claro e foi aproveitado aos 22 minutos. Cobrança de falta na área, e Lugano correu para cabecear, mas foi segurado por Díaz. O juiz marcou o pênalti e, na cobrança, Cavani bateu muito bem no canto esquerdo do goleiro Navas, que até acertou o lado, mas não evitou o gol.
O que a Costa Rica poderia fazer era aproveitar os espaços que tinha e agredir. E foi isso que a seleção fez logo após sair atrás no placar, criando três boas chances. Na primeira delas, Campbell teve espaço na entrada da área e encheu o pé. A bola passou raspando o gol de Muslera. Depois, Gonzalez aproveitou sobra na área em cobrança de falta, mas acabou travado pela zaga, e o chute foi na rede pelo lado de fora.
O melhor lance costarriquenho, porém, foi já aos 43 minutos do primeiro tempo. Bolaños cobrou escanteio da esquerda, Muslera se atrapalhou todo com Godín, e a bola passou na frente do gol do Uruguai, sem ninguém para empurrar para a rede. Forlán ainda deu a resposta na jogada seguinte, em chute de fora da área que desviou e quase encobriu o goleiro, mas o primeiro tempo acabou com a vantagem mínima para a Celeste.
Os lances mostraram que os costarriquenhos tinham capacidade para fazer algo melhor, e o começo de segundo tempo comprovou: si, se puede mismo! Logo aos 5 minutos, Bolaños colocou a bola na área, e Oscar Duarte ficou livre para mandar para o gol, mas o defensor acabou finalizando em cima do goleiro Muslera.
Quatro minutos depois, porém, o Uruguai não conseguiu segurar a empolgação costarriquenha. Gamboa correu como nunca, salvou uma bola que ia saindo pela linha de fundo e ainda descolou um cruzamento de primeira perfeito. A bola passou pelo zagueiro que cobria a primeira trave e sobrou para Campbell, livre, encher o pé e estufar a rede de Muslera, que nem pulou para tentar a defesa.
Três minutos depois, a virada. De novo em cruzamento na área, desta vez em cobrança de falta de Bolaños, Oscar Duarte apareceu mais uma vez livre na segunda trave. De peixinho, o zagueiro não desperdiçou a segunda chance que teve no jogo: virada e explosão vermelha nas arquibancadas do Castelão.
O Uruguai sentiu muito a virada, mas mesmo assim partiu para cima e até criou uma boa chance em finalização de cabeça de Cavani que parou em boa defesa de Navas. A ducha de água fria, porém, viria aos 40 minutos. Em contra-ataque, Campbell deu passe primoroso para Ureña, que havia acabado de entrar em campo. De primeira, o atacante aproveitou péssima saída do gol de Muslera e decretou o triunfo.
Só havia tempo para o Uruguai se complicar ainda mais. Já nos acréscimos, Maxi Pereira perdeu a cabeça, acertou um pontapé em Campbell e acabou expulso. Ele está fora do duelo contra a Inglaterra. Melhor para a Costa Rica, que acabou o jogo fazendo uma verdadeira festa com a torcida.
FICHA TÉCNICA:
URUGUAI 1 X 3 COSTA RICA
Local: Estádio do Castelão, em Fortaleza (CE)
Data: 14 de junho de 2014, sábado
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
Assistentes: Mark Borsch e Stefan Lupp (ambos da Alemanha)
Cartões amarelos: Lugano e Gargano (Uruguai)
Cartão vermelho: Maxi Pereira (Uruguai)
Gols:
URUGUAI: Cavani, aos 23 minutos do primeiro tempo
COSTA RICA: Campbell, aos 8 minutos do segundo tempo, Duarte, aos 11 minutos do segundo tempo e Duarte, aos 38 minutos do segundo tempo
URUGUAI: Muslera; Maxi Pereira, Lugano, Godín e Cáceres; Gargano (Álvaro González), Arévalo Ríos, Cristian Rodríguez (Abel Hernández) e Stuani; Forlán (Lodeiro) e Cavani
Técnico: Óscar Washington Tabárez
COSTA RICA: Navas; Umaña, Duarte e Giancarlo González; Gamboa, Tejeda (Cubero), Borges, Bolaños (Barrantes) e Junior Díaz; Campbell e Bryan Ruíz (Ureña)
Técnico: Jorge Luis Pinto