Saúde

Aumento do preço do cigarro contribui para reduzir o consumo de álcool

Fumar e beber são hábitos que muitas vezes se complementam. Os fumantes são mais propensos do que os não-fumantes a tomar bebidas alcoólicas e quem fuma em excesso também está mais propenso a beber mais. Embora o aumento dos impostos sobre o consumo de cigarros e as leis que proíbem o fumo em determinados espaços contribuam para reduzir a prevalência do tabagismo, é menos claro se tais políticas também são capazes de reduzir o consumo de álcool.

Um novo estudo descobriu que os aumentos nos preços dos cigarros e restrições de fumar em certos ambientes podem levar a reduções no consumo per capita de cerveja e outras bebidas alcoólicas, exceto o vinho. Os resultados foram publicados na revista “Alcoholism: Clinical & Experimental Research”

“Muitas vezes quando os fumantes estão tomando bebidas alcoólicas, eles sentem uma certa ânsia de fumar um cigarro”, explica Melissa J. Krauss, autora do estudo e analista de dados estatístico da Escola de Medicina da Universidade de Washington. “E ainda tem algumas pessoas que tendem a fumar apenas quando bebem.”

“O tabaco pode aumentar os efeitos do álcool e os fumantes costumam consumir bebidas alcoólicas com mais frequência do que quem não fuma”, acrescentou Kelly Young-Wolff, um cientista da divisão de pesquisa da Kaiser Permanente.

“No final de 1990 e início de 2000, as taxas de tabagismo entre os jovens caiu nos Estados Unidos, pelo menos em parte devido ao aumento dos preços dos cigarros”, conta Krauss. “O aumento dos preços também contribui para que o fumante abandone o vício. Quando o preço do cigarro é elevado em 10% isso faz com que 2% dos fumantes largue o vício. Além disso, as leis que proíbem o fumo em alguns espaços também têm contribuído para reduzir o consumo de cigarros entre os fumantes”, diz.

Para este estudo, Krauss e outros cientistas analisaram o consumo de álcool per capita de 1980-2009 em função do preço do pacote de cigarros em cada Estado, bem como políticas de fumo. A quantidade de consumo de cerveja, vinho e bebidas destiladas foram examinadas separadamente.

“Descobrimos que entre 1980 e 2009, os aumentos nos preços dos cigarros nos Estados e as restrições ao fumo em locais fechados levou à diminuição do consumo de álcool per capita”, afirma Krauss.

“Isto foi constatado com a cerveja e outras bebidas, mas não com o vinho. Nossos resultados sugerem que um aumento de 20% no preço do cigarro levou a uma redução de 2% no consumo per capita de cerveja. Ao adotar a proibição de fumar em bares, restaurantes e locais de trabalho, em comparação a quaisquer restrições, o consumo de cerveja foi reduzido em 4% e consumo de bebidas destiladas em 11%”, diz.

Krauss não se surpreendeu ao encontrar um impacto muito maior sobre a cerveja e outros drinks, em vez de vinho. “As pessoas que preferem cerveja ou licor são mais propensos a ser fumantes do que as pessoas que preferem vinho”, afirmou. “Na verdade, as pessoas que preferem vinho são mais propensos a ter outros hábitos de vida mais saudáveis”, afirma.

“Os resultados deste estudo destacam a importância da pesquisa com objetivo de avaliar as interações entre o tabaco e o álcool”, afirma Young-Wolff. “Isso pode abrir caminho para uma linha de pesquisas futuras capaz de identificar os benefícios acumulados devido ao aumento dos impostos”. *Uol

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