Sem a presença de Marina Silva, terceira colocada na disputa presidencial, a Executiva Nacional do PSB se reuniu nesta quinta-feira (27) em Brasília e anunciou que filiados do partido estão proibidos de participar do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). “Ninguém ocupará cargo no governo em nome do PSB. Nem nesse governo que se encerra e nem no próximo”, disse o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira. O partido decidiu que se manterá independente (e não na oposição) em relação ao governo petista.
A reunião da Executiva durou quatro horas e meia e contou com a presença de atuais governadores como o do Espírito Santo, Renato o Casagrande, e de governadores eleitos como Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, e Paulo Câmara, de Pernambuco. A justificativa dada pelo comando do PSB para a ausência de Marina à reunião é de que a ex-senadora não pertence à Executiva Nacional do partido.
Siqueira evitou falar em penalidades para possíveis filiados do PSB que integrem o governo federal, mas disse que os casos serão analisados pela executiva do partido. Mais cedo, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), foi mais enfático. “Se quiser ir para o governo, pede para sair do PSB e fica bem mais fácil”, afirmou Albuquerque.
A proibição de membros do PSB de integrarem o governo petista atinge alas do partido mais próximas ao PT. O PSB foi aliado do PT e ocupou ministérios desde o governo Lula até 2013, quando o partido lançou a candidatura do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE), à Presidência da República.
O presidente Carlos Siqueira explicou que a proibição de membros do partido de integrarem o governo do PT está restrita ao âmbito federal. Ele disse que integrantes do PSB estão autorizados a assumirem cargos em governos do PT nos Estados da mesma forma que petistas poderão integrar os governos do PSB. Em pelo menos quatro Estados (Acre, Amapá, Paraíba e Bahia) o PSB apoiou a candidatura de Dilma no segundo turno.
Partido “rachado”
Com a morte de Campos e a candidatura de Marina Silva (PSB), o partido ‘rachou’. O então presidente da sigla, Roberto Amaral, chegou a declarar apoio à candidatura de Dilma no segundo turno, enquanto a Executiva do partido declarou apoio a Aécio Neves (PSDB).
Siqueira disse a independência do partido não pode ser confundida com oposição. “Nossa posição consiste em examinar a conduta do governo, as propostas do governo, as mais estratégicas, e se definir sobre elas de forma contrária, ou a favor. Não tem necessidade de ser obrigatoriamente contra, ou obrigatoriamente a favor”, disse Siqueira.
O presidente do partido disse ainda que a direção do PSB vai orientar a sua bancada no Congresso em temas considerados ‘estratégicos’ pela cúpula da legenda. “Para algumas questões estratégicas, o partido vai orientar a bancada. Não é centralismo. É uma posição partidária. No caso da CPI da Petrobras no Senado, já fizemos isso. Alguns parlamentares não quiseram assinar a criação (da CPI), mas fizeram”, disse Siqueira. *Uol