Política

Veículo Leve sobre Trilho: Uma análise de viabilidade

Por Ricardo Marques

Quando o assunto é mobilidade urbana, Vitória da Conquista, que conta com uma população estimada de 340.199 mil habitantes (IGBE, 2014), ainda se encontra longe de possuir uma demanda de passageiros necessária para a implantação de um sistema de transporte de média capacidade como o Veículo Leve sobre Trilho (VLT) ou o Bus Rapid Transit (BRT).

Isso porque o nosso atual sistema de ônibus urbano tem 2,5 milhões de passageiros por mês, incluindo os estudantes, com 50% de desconto na tarifa, além dos passageiros que têm direito à gratuidade. Nos principais corredores, a exemplo da Avenida Brumado, são transportados 1.900 passageiros por hora e por sentido de direção.

De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o VLT  necessita para a sua viabilidade de 5 a 15 mil passageiros por hora num mesmo sentido. Já o metrô seria mais indicado para uma demanda acima de 50 a 60 mil passageiros por hora – uma vez que ele atende até 80 a 90 mil passageiros/hora.

Além desse aspecto, outro ponto relevante é que os sistemas de metrô e VLT são mais complexos em termos de infraestrutura, custam mais, levam mais tempo para ficar prontos e a amortização dos custos é mais demorada. Ainda, segundo a Volvo, a manutenção de um sistema de metrô custaria até vinte vezes mais que um de BRT. Já o VLT é quatro vezes mais caro.

Recentemente, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) apresentou dados sobre a capacidade de carregamento e custos de implantação de sistemas de médio porte, divulgado no Guia Mobilidade Inteligente Volvo. Para melhor compreensão, o custo de implantação, por quilômetro (sem incluir a manutenção), de um BRT seria de R$ 20 milhões; o de um VLT, de R$ 80 milhões; e o de um metrô, R$ 500 milhões.

Diante dessas informações, o custo de uma linha ligando o bairro Vila Serrana à UESB, o equivalente a 10 km, corresponderia a R$ 800 milhões, se fosse um VLT. Isso é muito mais do que a Prefeitura arrecada em um ano, incluindo receita própria e transferências constitucionais dos Governos Federal e Estadual. Para se ter uma ideia, o orçamento municipal previsto para 2015 é de pouco mais de R$ 600 milhões.

Se a Prefeitura de Vitória da Conquista, parasse, por um ano inteiro, de pagar salário de servidores, custos com fornecedores, limpeza pública, serviços emergenciais, saúde, educação, ou seja, tudo, conseguiria menos de 75% do valor de uma obra desse tamanho e ainda necessitaria de mais cerca de 12 a 13 mil passageiros/hora para viabilizar o custeio desse equipamento.

Ou seja, os dados divulgados pelas entidades competentes não mentem e os estudos feitos pelo Instituto Rua Vida, a pedido do Governo Municipal, observando, entre outros aspectos, como as pessoas se locomovem dentro da cidade e a densidade de passageiros das linhas – fatores fundamentais para que o poder público tome uma decisão tão importante como estabelecer o sistema de transporte de uma cidade – atestam: Vitória da Conquista ainda não comporta VLT.

*Ricardo Marques é Secretário Municipal de Comunicação da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. É Administrador, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. É também estudante de Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas.

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