Banda precursora do movimento Mangue Beach pôs o público para cantar, dançar e pensar
Quem participou do Festival da Juventude na noite de sábado, 2, pôde constatar que quem gosta da banda Nação Zumbi, gosta mesmo. E isso se deve ao conhecimento que os fãs têm sobre o trabalho musical desenvolvido há cerca de vinte anos por esses pernambucanos precursores do Mangue Beach, o revolucionário movimento que teve em Chico Science (1966-1997), fundador do grupo, sua principal figura inspiradora.
Tome-se como exemplo o carteiro Antônio Roberto Dias, que fez questão de ir ao festival com uma camiseta que, além de uma fotografia de Chico Science, trazia a inscrição “Maracatu atômico” – título de uma das canções mais emblemáticas da banda e do Mangue Beach. Dias dispensou a modéstia, apresentando-se simplesmente como “o fã número 1 da Nação Zumbi em todo o planeta”. Nada mais justo para quem acompanha a banda desde 1995.
“É muito importante trazer a diversidade em todos os segmentos da arte, e especialmente da música”, afirmou o fã, que também se lembra com carinho do show de outra banda precursora do Mangue Beach, a também pernambucana Mundo Livre S. A., que se apresentou na primeira edição do Festival da Juventude, em 2011. “Para mim é importante, como fã, estar aqui. E o mais interessante é que é a primeira vez que eu vou ver a Nação Zumbi no palco”, comemorou.
A oportunidade de ver ao vivo a Nação Zumbi também foi exaltada pelo professor Silvestre Viana. No entanto, ele também ressaltou a boa qualidade das atrações locais. “Aqui estamos assistindo, gratuitamente, a uma banda de peso. E, além dela, estamos também tendo atrações da cidade. E atrações de qualidade. A Nação Zumbi veio para coroar e fechar a noite. Mas as atrações da cidade também estão fazendo bonito”, assegurou.
‘Longevidade’ – Acima de tudo, prevaleceu a música de boa qualidade, fosse ela local ou universal, como é a da Nação Zumbi. O atual vocalista do grupo, Jorge Du Peixe, fez questão de elogiar não só a programação musical do Festival da Juventude, mas também a característica de promover discussões a respeito de temas de relevância na atual agenda brasileira. “A música sempre esteve linkada a toda essa movimentação. Todo levante sempre teve a música ao seu redor, alavancando. Que bom que a juventude tenha isso a cada ano. É a terceira edição, e a cidade está de parabéns. Que tenha longevidade”, disse o cantor.
E, por falar em longevidade, há que se registrar que, com mais de vinte anos de história, a Nação Zumbi encontra-se hoje em grande forma, trazendo consigo ainda muitos elementos que remontam ao seu início avassalador, ainda na década de 90. O eco de seus tambores continua a reverberar com a mesma vitalidade de então.
Du Peixe disse saber perfeitamente o porquê da manutenção dessa vivacidade. “Tem um mote muito interessante que o Chico falava, que era a diversão levada a sério. Nossa diversão foi levada tão a sério que a gente está aqui até hoje, e conseguindo trazer a nossa essência. A gente preserva a postura e a essência até hoje, desde o começo”, disse o artista, antes de arrematar: “A verdade musical é importante. A gente gosta do que está fazendo, acima de tudo”. *Secom