Há oito dias, músicos relembraram antigas canções e reafirmaram a memória do colega, falecido em 2010
É difícil reunir tantos talentos ao mesmo tempo num único palco. Mas a Prefeitura conseguiu tal façanha na manhã do último domingo, 17, em meio à primeira edição de 2015 do projeto Domingo por Encantos, que embalou a entrega oficial da Praça Dão Barros à comunidade do Ibirapuera e de outros bairros do entorno.
O time era de primeira categoria: Evandro Correia, Dorinho Chaves, Papalo Monteiro, Geslaney Brito e Iara Assessú, Manno di Sousa, Cláudia Rizzo, Élder Oliveira, Onildo Barbosa, Paulo Pires, Gil Barros. E, além da qualidade do elenco, destacava-se seu entrosamento. A uni-los, havia a disposição para homenagear o músico, artista plástico e luthier Dão Barros, morto em 2010, aos 54 anos, que agora dá nome à praça revitalizada pela Prefeitura.
A união dos artistas permitiu que a comunidade presenciasse – e relembrasse – um desfilar de baiões, toadas e outras canções brejeiras, autorais, que marcaram o momento de efervescência cultural vivido em Vitória da Conquista nos anos 80. Essas músicas foram defendidas por seus autores em diversos festivais de música, não somente em Vitória da Conquista, mas em outras cidades do interior baiano e de outros estados do Brasil.
Praticamente todos os artistas envolvidos na homenagem chegaram a se apresentar nesses festivais durante os anos 80. Papalo Monteiro, por exemplo, recorda que já “correu muito trecho” por aí ao lado de Dão Barros. Apresentaram-se em Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná, apenas para citar alguns estados. “Eu não poderia deixar de homenageá-lo de jeito nenhum”, disse Papalo, que hoje dá aulas de violão clássico e viola caipira no Conservatório de Música de Vitória da Conquista.
‘Comunhão’ – “Os artistas sempre se sensibilizam quando há uma homenagem a alguém da mesma área”, disse Gil Barros, irmão mais novo do homenageado. Gil, que se disse “gratificado” com a homenagem, é o último remanescente do Grupo Barros, do qual fez parte ao lado de Dão e de outro irmão, Carlos, falecido em 1989. O trio se tornou conhecido nos anos 80 e 90 por produzir um repertório com influências da música andina, a partir de instrumentos artesanais que os próprios irmãos Barros fabricavam.
Uma dessas canções, “Saudade”, foi cantada no domingo por Geslaney Brito e Iara Assessú. Geslaney, que é professor de violão Clássico no Conservatório de Música, creditou o sucesso da homenagem coletiva ao fato de que “o princípio da arte é a comunhão”. E, embora o foco ali fosse a entrega da praça revitalizada e a lembrança de seu novo patrono, o músico afirmou que o momento deixou evidente uma constatação: “As pessoas perceberam que a produção artística de Vitória da Conquista continua em alta”.
‘Celebração’ – Dessa forma, relembrando antigas canções e reafirmando a memória de Dão Barros – agora reforçada por meio da praça que leva seu nome –, os artistas convidados pela Prefeitura e pela família Barros celebraram algo que, como bem lembrou Geslaney, a cidade não perdeu. “O Governo Municipal homenageou um grande artista da cidade: luthier, músico e poeta. Nada melhor do que uma celebração dos próprios artistas, tecendo essa cantoria para celebrar o amigo artista ausente e matar a saudade”, observou o secretário municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Nagib Barroso – ele próprio um dos artistas participantes da efervescência musical relembrada no domingo. *Secom