A presidenta Dilma Rousseff classificou hoje (27) de “insinuação” a avaliação de que a nova fase da Operação Lava Jato está se aproximando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista no Equador, onde participou da 4ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a presidenta voltou a questionar o vazamento de informações da investigação e disse que não responderia a perguntas que ligassem Lula à operação.
“Eu me recuso a responder pergunta desse tipo. Me recuso porque se levanta acusações, se levanta insinuações e não me diz por que, como, quando, onde e a troco do quê? Se alguém falasse a respeito de qualquer um de nós aqui, ‘a nova fase da Lava Jato levanta suspeita sobre você’, e você não soubesse do que é suspeita, como é a suspeita e de onde vem a suspeita, você não acharia extremamente incorreto, do ponto de vista do respeito?”, questionou, em resposta aos jornalistas.
A nova fase da Lava Jato, deflagrada hoje, investiga lavagem de dinheiro com a compra de empreendimentos imobiliários no Guarujá, litoral paulista. Três pessoas foram presas e a Polícia Federal apura se imóveis que pertenciam à cooperativa Bancoop e foram transferidos para a empreiteira OAS foram usados como repasse de propina.
Segundo Dilma, para acusar, é preciso ter provas. “Ao contrário do mundo medieval, o ônus da prova é de quem acusa. Daí por isso o inquérito, toda a investigação.”
Perguntada se a investigação de corrupção na Petrobras pode prejudicar a economia brasileira, Dilma respondeu que essa é a avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), não a do governo. “O FMI acha. Eu acho que vocês devem perguntar ao FMI”, disse. Na semana passada, a presidenta disse ter ficado “estarrecida” com as previsões do órgão sobre a economia do país.
Combate ao vírus Zika
Na entrevista, Dilma comentou a proposta que fez aos chefes de Estado da Celac para que os países do continente se unam em uma ação de cooperação de combate ao vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus está associado à ocorrência de microcefalia em recém-nascidos.
“Vamos todos fazer um esforço. Vamos cooperar também na área de pesquisa científica e tecnológica, mas nós sabemos que a única forma de cooperar agora é difundirmos entre nós as melhores práticas de combate ao vírus”.
A presidenta negou que “batalha” contra o mosquito no Brasil esteja perdida, como disse o ministro da Saúde, Marcelo Castro, essa semana. “A batalha não está perdida. Isso não é o que ele [Castro] está pensando nem o que ele diz. O que o ministro disse é o seguinte: se nós todos não nos unirmos, e se a população não participar, nós perdemos essa guerra”, disse.