Construído em local estratégico, reservatório pode armazenar 160 milhões de litros e favorece captação por gravidade
As características da barragem do povoado de Matinha (a 46 quilômetros do perímetro urbano, na região de Bate-Pé), construída pela Prefeitura nos últimos três meses e entregue ontem, 26, estão diretamente ligadas à escolha de sua localização. A obra foi feita sobre um riacho seco que costuma receber grande volume de água em períodos de chuva e é afluente do rio Ribeirão, que passa a 3,5 quilômetros dali.
Daí o potencial de armazenamento da barragem, que pode chegar a 160 milhões de litros de água. “Quando chover, ela enche, porque aqui é bom de correr água”, assegura o agricultor Generino do Prado, 62 anos, nascido e criado na região da Matinha. “Vai melhorar cem por cento. Aqui é escasso de água. Então, com uma barragem, a gente vai ficar bem fornecido”, acrescenta.
E essa melhoria a que Generino se refere será sentida diretamente por trinta famílias do povoado, às quais se somam outras trinta, que terão acesso ao benefício de forma indireta. Isso está assegurado pelo termo de servidão administrativa, documento assinado por Valdemiro Oliveira, 50, proprietário do terreno onde está o reservatório.
O termo determina que, embora esteja num terreno particular, a água da barragem será de uso coletivo. “Uma barragem como essa é para servir à região. É para nossos filhos e nossos netos”, concordou Valdemiro.
Outra vantagem, esta bem específica da barragem da Matinha, é que a obra está construída numa área mais elevada, com aproximadamente 25 metros de altitude em relação ao nível das casas do povoado. Segundo a equipe técnica da Secretaria Municipal de Agricultura, isso facilitará a captação de água por gravidade pelos moradores.
‘Obra de porte’ – O “paredão” do barramento possui 12 metros de altura por 70 de extensão, com topo de cinco metros de largura. O talude – ou “saia”, como se costuma chamar a base do “paredão” – tem 50 metros de largura. O investimento da Prefeitura, totalmente extraído de recursos municipais, foi de R$ 120 mil. “Ficamos felizes quando chegamos a um município e vemos o Governo Municipal investindo numa obra desse porte. Não vejo isso em outras cidades”, afirmou Paulo Sérgio Luz, coordenador estadual de Ações Estratégicas da Defesa Civil, que esteve na Matinha e viu a barragem de perto.
‘Trato feito’ – A barragem da Matinha é a 23ª a ser construída pela Prefeitura de Vitória da Conquista nos últimos quatro anos. A soma das bacias desses reservatórios revela uma capacidade total de armazenamento que pode chegar a 1,8 bilhão de litros. Agora, com a obra concluída e entregue, cabe à população aguardar pelas chuvas de novembro – que têm chegado mais tarde a cada ano, devido às estiagens que se intensificam pelo menos desde 2011 e que levaram o Governo Municipal a optar pela construção de barragens para ampliar a possibilidade de armazenamento de água pluvial. “Desejo boas chuvas. Nosso compromisso, que era fazer a barragem, foi cumprido. Agora, queremos ver a água saindo pelo sangradouro”, disse o prefeito Guilherme Menezes.
