Quando estava na universidade aprendi que muita coisa se conquistava no “grito”. Não deveria ser assim. Não adiantava diálogo, teoria, nada disso. Para melhorias do curso de Jornalismo protestamos com o velório e enterro simbólico da Uesb, sendo o defunto o reitor, hoje deputado. Professores aliados do reitor nos massacravam com suas retóricas eloquentes, referências dos mais renomados intelectuais históricos. Mas, somente no “grito” com exposição das falhas da gestão, conseguimos avançar na estruturação do curso.
Lembro-me que fizemos uma manifestação dentro do campus de Vitória da Conquista circulando com um carro de som. Nossa peregrinação parou em frente ao módulo acadêmico, exatamente em frente ao DFCH – Departamento de Filosofia e Ciências Humanas. Naquele dia eu peguei o microfone e disse figuradamente que iríamos “caçar” os professores com dedicação exclusiva que estavam atuando em outras instituições de ensino e empresas. Foi a gota d’água: fui chamado de fascista. O ditador (eu) que liderava os estudantes “monstros” daquela instituição formadora de “intelectuais”. Mas, eles ficaram com medo e muitos professores resolveram cumprir o que lhes cabia. Outros esperaram alguns anos para responderem processo para devolver o que usurparam dos cofres públicos.
Você deve estar se perguntado: qual a relação do que aconteceu há mais de 15 anos com com a política conquistense atual?
Na democracia brasileira, baiana e mongoió os mínimos direitos só são garantidos com quem esbraveja e expõe falhas que causem desgaste no mundo político.
Desde que Pereira cortou as gratificações dos servidores municipais, presenciamos uma enxurrada de manifestações e ameaças de paralisações. E até agora, só quem “gritou” foi ressarcido do que lhe é de direito.
Depois do imbróglio com o pessoal da Educação e o pessoal da saúde, outros setores também reclamaram. Até os servidores da Secretaria de Finanças ameaçaram parar.
Mas as ações impensadas não atingem apenas o bolso dos servidores. Até quem precisa vir para Conquista terá que enfrentar a famigerada regra ditada pela portaria que proíbe a parada de ônibus intermunicipais fora da estação rodoviária. É parece que os motoristas de vans nem precisaram “gritar” e já ganharam uma “ponta”. O executivo deve ter se antecipado… quando as vans param bloqueiam todo o centro e a cidade fica emperrada. Deve ser por isso.
Pelo jeito, é preciso “gritar”. Não que eu ache a melhor forma de resolver problemas.
Na faculdade estudantes ainda são “adolescentes e imaturos rebeldes”, mas, na maturidade, entre adultos é inadmissível que seja necessário o “calundu” para garantir direitos conquistados.