O espaço para novos sepultamentos diminui a cada dia no maior cemitério público de Vitória da Conquista, localizado no bairro Kadija, as margens do Anel Rodoviário.
Por vários anos o cemitério ficou sem a devida atenção do poder público. Em 2015 foi iniciada a construção do ossário. Já concluída, ainda em meados de 2017, o espaço não havia recebido nenhum resto mortal.
Em junho de 2017, a prefeitura divulgou no site oficial que no Cemitério do Kadija havia apenas 10 covas disponíveis para homens; 17 para mulheres; e 130 para crianças. Alguns corpos foram exumados, não resolvendo o problema da superlotação, então a atual gestão optou pelo improviso para lidar com a falta de espaço.
Funcionários de funerárias relataram ao Blitz Conquista que para receber novos corpos a prefeitura tem estreitado corredores e aberto covas próximas aos muros. Mas a situação se agrava a cada dia.
Na última semana duas famílias tiveram dificuldade para realizarem os sepultamentos. De acordo com um agente funerário, dois corpos chegaram ao cemitério no final da tarde, mas havia apenas uma cova aberta, pois todas as outras já tinham sido utilizadas. Uma das famílias teve que aguardar abrirem a cova de apenas 3,5 palmos, ou 60cm, pois já estava anoitecendo, teria justificado um dos funcionários da prefeitura ao agente. Um dia antes, outra funerária atrasou o sepultamento para que fosse providenciada a cova.
A reportagem do Blitz Conquista esteve no Cemitério. Funcionários da Prefeitura se esquivaram das perguntas. Alguns disseram apenas que o problema da superlotação é por que “tá morrendo muita gente”. Em separado, um funcionário revelou que os responsáveis pelo cemitério têm se esforçado, mas sem espaço não há muito o que fazer. O Paliativo seria a continuação das exumações, porém muitas famílias não têm aceitado, informou.
Um agente funerário reconhece que a maioria das famílias não aceitam a exumação para que as ossadas sejam colocadas no ossário. No entanto, ele se queixa da morosidade da Prefeitura no contato com as famílias, demorando ainda mais as realizações dos procedimentos de exumações e tornando o problema cada vez mais insustentável.
Além da falta de espaço para novas covas, o cemitério apresenta sinais de abandono.
Parte do muro junto ao ossário está escorado há meses; por um buraco no muro crianças entram e saem do cemitério a todo instante. A noite são os criminosos utilizam o cemitério como refúgio.
O mato tomou conta de algumas áreas, encobrindo sepulturas.
Sem pessoal suficiente para manter o equipamento, galhos de árvore caíram e não foram retirados.