A produção dos espetáculos conta com mais 15 jovens
Eles começaram a prática teatral no projeto Teatro Vocacional, liderado por Gabriela Pereira. Os encontros acontecem na Praça CEUs J. Murilo, no Alto Maron. Foi a partir deste contato coletivo que surgiram os grupos Apodío, D’menor, POC e Carola. Neste sábado(13), domingo(14) e no próximo final de semana (20 e 21), sempre às 20h, estes jovens participam da III Mostra Teatro Vocacional, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Com 4 espetáculos diferentes, eles apresentarão para Conquista o resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido.
A abertura da Mostra ficará por conta do grupo Apodío com o espetáculo “Silêncio (autoacusação)”. Inspirado nos textos de Peter Handke, a peça traz consigo a ideia original do mergulho nas intrépidas provocações humanas. “Silêncio” já foi apresentado em Festivais de Teatro da Bahia, rendendo prêmios de 2º Melhor Espetáculo, Melhor Ator e Ator Revelação no Festival de Teatro Caroá (Poções).
No domingo é dia de “Insulto ao Público” com o Coletivo D’Menor. Os adolescentes levarão ao palco a complexidade do texto de Peter Handke e buscarão, a partir de suas personalidades questionadoras criticar o status quo teatral. A peça também participou do Festival de Teatro Caroá e trouxe para Conquista o prêmio de Melhor Atriz.
Para o próximo final de semana estão previstas as estreias, em caixa cênica fechada, dos grupos POC, no sábado (20), com o espetáculo “O Príncipe Feliz”, de Oscar Wilde; e do Coletivo Carola, no domingo (21), com a peça “Agreste” de Newton Moreno.
Juventude na produção artística e poética – Em entrevista ao BConquista, Gabriela Pereira contou um pouco sobre o projeto e trajetória dos grupos. Gabriela foi formada pelo projeto teatro vocacional em São Paulo e, em 2015 passou a ser instrutora de teatro da prefeitura de Conquista, atuando em escolas. Em 2016, a professora pediu autorização ao secretário de educação da época para montar, na Praça Ceus, projeto semelhante ao qual participou em São Paulo.
Com a liberação atendida, os encontros do Teatro Vocacional passaram acontecer aos sábados e domingos. Gabriela conta que a escolha pelos finais de semana foi uma proposta dos próprios jovens, que se queixavam de não ter nenhuma atividade na cidade nestes dias. Os encontros deram origens aos coletivos teatrais. “ A gente trabalha na perspectiva de formar grupos que produzam linguagem poética e artísticas, a partir do contato coletivo transformado na linguagem teatral. E que essas produções sejam frutos das questões que essas pessoas que compõe o grupo trazem”, contou.
Encontros que deram certo – O primeiro coletivo a se formar foi o Apodío, logo em 2016; depois veio o grupo Janelas, com adolescente mais novos, o grupo de diluiu e formou o Coletivo D’Menor. Da oficina de dramatização de poemas, surgiu o Carola, o encontro aconteceu através das obras de Carolina Maria de Jesus, escritora, poetiza e catadora de lixo, que inclusive, inspirou o nome ao coletivo. O mais recente dos grupos é o Coletivo POC, formado por meninos gays que se juntaram para abordar, através de peças teatrais, questões como homofobia.
Levante cultural – Gabriela considera essa mini-temporada no Centro de Cultura como retribuição a todo o esforço dos grupos. “Apresentar no Centro de Cultura é saber que valeu a pena todas essas lutas durante esses três anos”, disse. “Quando a gente começou não tinha nem o Centro de Cultura aberto, e hoje podemos ocupar esse espaço, e isso faz com que a gente se sinta realizado. Isso mostra também o quanto temos por ganhar, crescer. Precisamos fazer um grande levante cultural e artístico na cidade”, finalizou.