A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, através do Comitê Gestor de Crise, que se reuniu na quinta-feira (11) para avaliar os dados epidemiológicos e discussão sobre o panorama do coronavírus em Vitória da Conquista nos últimos dias, encaminhou uma correspondência ao Governador Rui Costa, solicitando alterações nas medidas restritivas estabelecidas em decreto do estado.
Entretanto, nesta sexta-feira (12), a PMVC emitiu uma nota limitando-se a recomendar à sociedade a não desobediência ao decreto estadual, provavelmente porque não há perspectiva de sucesso na solicitação. Isso parece fazer alusão à clássica cena de Pilatos, quando pede uma bacia com água, lava as mãos e sentencia: “Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso.” (Mateus 27:24). É como se dissessem: solicitamos ao governo, mas como não responderam oficialmente, não podemos dizer que desobedeçam”.
Fazendo-se uso de outra ilustração, isso parece um “cabo de guerra”: aquele teste de força em que indivíduos ou grupos competem entre si puxando uma corda e, quem tem mais força, puxa o oponente até uma distância previamente demarcada. Assim mesmo se comporta o executivo municipal em relação ao estado e vice-versa. Para a PMVC, a principal motivação é a pressão exercida pelo comércio local. Já o governo estadual, argumenta que o sistema de saúde tende a colapsar, refletindo diretamente no número de vítimas fatais.
Entretanto, no meio desse imbróglio – que também aparece no âmbito federal – está o povo: na figura do trabalhador que entra no coletivo às 6h00 e não vê mais o amigo, que sempre estava no mesmo ônibus; no filho, cujo pai sempre o acordava bem cedo, para levá-lo à escola; no patrão que, quando chega no seu comércio, lembra-se que o seu gerente (pessoa de confiança, que também é amigo pessoal e compadre) não está mais lá.
Há também, por outro lado, a preocupação do empreendedor, cujo investimento vai ficar estagnado e, provavelmente, reduzido, apesar de os governos flexibilizarem contratos de trabalho, redução de carga horária, isenção etc. E a principal consequência disso são as demissões.
Diante disso tudo, além de outros aspectos, pois o assunto é complexo, é preciso refletir: o que é mais importante? Manter a economia em crescimento, preservando o capital empresarial e financeiro? Ou salvar vidas, que, para uma linguagem mais “economiquês”, pode ser traduzido como preservar a mão de obra produtiva (ou população economicamente ativa), mesmo existindo um exército de reserva tão grande no mercado?
Veja o documento encaminhado ao governador: