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A FACE OCULTA E DILACERADA DO COREN-BA: ONDE A ENFERMAGEM VAI PARAR?

Por Luis Rogério Cosme*

Quando a nova gestão do Coren-Ba venceu o pleito de 2020, com a promessa de implementar as ações da autarquia, levando em consideração as demandas históricas da enfermagem baiana, não se poderia imaginar que o ilusionismo se apagasse tão cedo.

O afastamento do presidente do Coren-Ba, com poucos meses no cargo,  para responder ao processo administrativo que trata  da denúncia de “rachadinha” junto ao COFEN (Decisão n⁰ 102/2021), envolvendo cargos comissionados, pôs em evidência que, por detrás da tomada do Coren-Ba pelo voto,  estaria em gestação um projeto privado de poder nada sintonizado com as necessidades das categorias profissionais da enfermagem.

A gestão atual do Coren-Ba teria se locupletado de uma vaidade perigosa que desnudou em pouco tempo o jogo de interesses de facções dentro da instituição?  É o que muitos profissionais se perguntam. Se as irregularidades se comprovarem, ficará a certeza de que bastou a mão tocar o poder, e os olhos vislumbrarem a cor do dinheiro, para os valores defendidos na campanha irem para o espaço.

Os servidores efetivos do Coren-Ba, que clamavam por uma gestão mais aberta ao diálogo, depararam-se com uma versão genuína de falácia participativa ou democrática. Primeiro, porque não parece haver mais uma gestão do Coren-Ba, no sentido do foco e da unidade de propósitos, mas, uma disputa interna de lombrigas agitadas nos intestinos da instituição, babando por suas proteínas sanguíneas. Segundo, porque o militarismo anacrônico parece ter tomado conta das vias administrativas da comunicação interna da autarquia, com o predomínio da inoperância quanto às pautas que se acumulam, de acordo com  as notícias veiculadas na mídia e nas redes sociais.

Justiça seja feita, a gestão anterior do Coren foi duramente criticada, perdera o pleito por escolhas verticalizadas, porém não por desvios éticos ou legais, passíveis de processos administrativos, como se vê agora. A Enfermagem precisa recordar que foi daquele cenário de insatisfação que a chapa vitoriosa ganhou larga vantagem. A insatisfação dos profissionais da Enfermagem estava tão evidente naquela época, no tocante ao modo como se deu o fechamento das subseções, entre outras medidas gestionárias de teor autocrático e neoliberal, que a chapa 1 perderia o pleito para qualquer adversário minimamente organizado. Era previsível, e foi o que aconteceu.

Vitoriosa na disputa, a atual gestão cometeu o equívoco infantil de atribuir a conquista eleitoral a si mesma, e ao invés de operar para promover o céu prometido ao eleitorado da Enfermagem, expôs as vísceras de um mecanismo tenebroso de poder, e o que se vê é o caos sob a face oculta de uma gestão prematuramente dilacerando-se.

Nessa hora, não podemos ainda asseverar se o rei já está nu aos olhos da Enfermagem baiana, ao desfilar com seu traje invisível na praça, numa analogia ao conto clássico de Hans Andersen. Contudo as contradições da gestão atual, ante a promessa e o realizado, apontam a grande possibilidade de que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, isso se nos colocarmos aqui como observadores de um drama Shakespeariano…

E que a Enfermagem tenha forças e maturidade política para sobreviver às suas escolhas.

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Luis Rogério Cosme é Enfermeiro, docente da Universidade Federal da Bahia – campus de Vitória da Conquista. Militante da Saúde Coletiva.

 

 

 

 

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