A afirmação é da diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz. Nesta entrevista ‘tira-dúvidas’, a gestora do ministério aborda a dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Ela fala ainda sobre como fazer parte da mobilização nacional contra a doença.
O Brasil já ultrapassou 2 milhões de casos de dengue em 2024. Diante desse cenário, o Governo Federal, estados, municípios e população brasileira estão unindo forças para reforçar a prevenção e eliminação dos focos do mosquito.
Para falar sobre a dengue e sobre as outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, vamos ouvir a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Alda Maria da Cruz. Ela vai falar ainda sobre como você pode fazer parte dessa mobilização nacional e deixar a dengue longe de casa.
Olá, doutora Alda. Como está a situação da dengue no Brasil?
“Estamos com a maior epidemia da história do país, que se iniciou de forma antecipada ao que era previsto para esse período e evoluindo de forma muito abrupta. Há uma tendência à estabilização e nossa expectativa é que a gente passe a um período de decréscimo dos casos. Mas temos diferentes situações epidemiológicas no país. Por isso, precisamos olhar cada região da cidade para fazer essa análise. Temos uma mudança do clima do planeta que influencia diretamente na biologia do mosquito, fazendo com que fique muito mais transmissível e eficaz na capacidade de se replicar no ambiente.”
Dengue, zika e chikungunya. Três arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Apesar disso, tratam-se de vírus diferentes. O que faz com que a gente confunda os três são os sintomas, todos muito semelhantes. Doutora Alda, que sintomas são esses?
“Febre, dor no corpo, dor nas articulações, cansaço, manchas no corpo. São doenças que podem levar à morte. Então, há o risco e o que diferencia elas são a evolução posterior.”
Dra. Alda, a partir do surgimento de algum desses sintomas, o que a pessoa deve fazer?
“Normalmente, a gente diz: ‘é só uma febrinha, vou melhorar. Amanhã, melhoro. Vou dormir e amanhã estou bem’. Não. Procure uma unidade de saúde, porque a evolução é muito rápida. Entre 5 e 6 dias, o paciente pode evoluir para óbito. Se fizermos uma intervenção precoce, podemos evitar isso [morte].”
O mote da campanha de combate ao mosquito deste ano é que com apenas 10 minutos por semana, é possível deixar a dengue longe de casa. A senhora pode listar as precauções a serem tomadas nesses 10 minutos?
“Atentar a todo local que possa ter um acúmulo de água – mesmo aqueles mais improváveis. Sempre falamos de garrafas, pneus, calhas, caixas d’água. Mas vamos olhar também o recipiente atrás da geladeira que coleta água, aquela água dentro do climatizador, dentro da bromélia, das plantas. Então, qualquer local que tenha possibilidade de ter água parada é um criadouro eficaz do mosquito.”
Não existe medicamento para a dengue, apenas remédios que amenizam os sintomas e o desconforto causado pela doença. Portanto, quando surgirem os primeiros sintomas, a orientação é procurar uma unidade de saúde e os cuidados médicos. Doutora Alda, que tipo de medida precisamos evitar em caso de suspeita de dengue?
“Não tome nenhum remédio. Cuidado com as soluções milagrosas e com as fake news sobre produtos indicados contra a doença. Os medicamentos à base de ácido acetilsalicílico aumentam a possibilidade de sangramento – que é um dos riscos da dengue. Os infectados também devem evitar os anti-inflamatórios. Para a febre, o paciente pode tomar antitérmicos, mas deve olhar antes se eles não têm esses componentes.”
Comprovada e testada cientificamente, a vacina contra dengue disponível no SUS é segura e evita o agravamento dos casos. Diretora, qual a importância de mais esse aliado no combate à doença?
“A faixa etária que nós escolhemos – entre 10 e 14 anos – é a que identificamos que há o maior número de hospitalizações. Então, se você não quer que seu filho adquira dengue, vá para o hospital e evolua para uma forma grave. Por favor, procure uma unidade de saúde – nessa faixa de 10 a 14 anos –, para que possam se imunizar e se proteger dessa doença que leva à morte – e muitas já foram registradas nessa faixa etária.”
Para mais informações, acesse: www.gov.br/saude.