Quando se fala das causas da obesidade, dificilmente as pessoas a associam aos primeiros hábitos alimentares, ou seja, ao leite materno. Mas as pesquisas atuais têm indicado, dentre os inúmeros benefícios do leite materno, o de ser um fator de proteção para a obesidade infantil e na adolescência. Lembrando que o leite materno é o melhor alimento do bebê até os 6 meses de forma exclusiva e 2 anos ou mais com alimentação complementar, o leite materno tem todos os nutrientes necessários para o bebê.
O bebê regula o tempo e a quantidade das mamadas. Isto ocorre por causa da quantidade de gordura que lhe dá a sensação de saciedade, o que favorece um ajuste do peso. Esta sensação também é regulada pelo hormônio presente no leite conhecido como leptina. Isso já não ocorre com o leite artificial, já que quem regula a quantidade é a pessoa que dá. Bebês que são amamentados no peito ganham menos peso se comparados aos que tomam leite artificial. No entanto, uma das crendices mais comuns é que o leite materno é fraco e que não alimenta suficientemente o bebê. Daí, acontece das mães após a mamada, oferecerem a mamadeira com o leite artificial, o que faz com que o bebê aumente seu peso.
Presume-se que o leite materno pode favorecer um gosto por alimentos menos calóricos, que perdura pelo resto da vida. O leite artificial eleva os níveis de insulina, uma vez que ele contém mais proteína que o leite materno, o que pode estimular um depósito maior de gordura no organismo. Importante citar também, que o efeito do aleitamento materno é cumulativo: quanto mais tempo o bebê é amamentado, menos risco de excesso de peso para o bebê, de 6 a 10% menos. Daí a importância de amamentar de forma exclusiva até os 6 meses.
Outro dado importante é a relação feita entre o peso do bebê até os 4 meses e o peso na vida adulta. Bebês que ganham muito peso nesta fase, tendem a serem obesos no futuro. Também foi verificado que crianças e adolescentes que nunca tinham recebido leite materno, apresentaram duas vezes mais risco de se tornarem obesas na infância. Não há ainda conclusões que comprovam a relação causal entre obesidade a aleitamento materno, mas há fortes evidências.
Desta forma, recomenda-se um grande investimento na alimentação nos primeiros anos de vida, quiçá na primeira hora. No Brasil, na última pesquisa de prevalência publicada em 2009, apenas 41 % das mães estavam amamentando de forma exclusiva e a duração mediana do aleitamento materno em 11,2 meses, o que está longe do ideal, embora tivéssemos melhorado.
Daí a importância das campanhas e da educação para a saúde que trabalhe sobre os benefícios do leite materno, tanto do ponto de vista nutricional, como odontológico, fonoaudiológico, da linguagem, cognitivo, imunológico, econômico, dentre outros. Sem contar as vantagens para a mãe. Porém, sabemos que há vários fatores de risco para o desmame precoce, dentre eles: a idade da mãe, o trabalho, os mitos e crendices, a falta de apoio, o desejo de amamentar, a experiência bem sucedida, o tipo de parto.
Nesse sentido, o Proama (Projeto Amamentar), coordenado pela professora Silvia Marina Anaruma, é um projeto de extensão à comunidade, desenvolvido pela Unesp, dentro do Departamento de Educação do Instituto de Biociências de Rio Claro, com o objetivo de reunir os segmentos da sociedade envolvidos com a questão do aleitamento materno.
Com o objetivo de defender e incentivar a amamentação, o Proama vem atuando há 17 anos, alcançando um significativo reconhecimento, através de cursos, produção de material didático, orientações à mães e profissionais e parcerias com o setor público e privado.
Para conhecer um pouco desse trabalho, acesse http://ib.rc.unesp.br/#!/proama ou o face book: PROAMA.