Sim, é com esta frase da música “Trem-bala”, composta e cantada pela Ana Vilela, que dou nome a este texto. A intenção aqui é simples: demonstrar quão passageira é a nossa vida, aquela que às vezes vivemos de forma banal e sem sentido. Repletos de correrias, cercados de angústias e afogados em mares de sofrimentos, passamos por dias trabalhosos – onde a rotina, muitas vezes, tira a beleza da vida.
Olhando para a Palavra, que é onde repousa o conforto e alegria de todo aquele que professa a fé em Cristo, encontramos na carta de Tiago alguns versículos sobre a brevidade da vida, e de como vivê-la para glória do Pai.
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, deveríeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” Tg 4.13-15
Estes três versículos gritam aos nossos corações algumas verdades que precisam ser observadas se quisermos entender qual a finalidade de nossa vida terrena. Deus é Soberano, e isto precisa ser gravado em nossas mentes. Nada, e absolutamente nada, foge das mãos do Senhor.
Em primeiro lugar, vemos que o meio irmão de Jesus desconstrói a ideia de que os planos dos homens são eternos e infalíveis. Eles escreve estas palavras aos que dizem “hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros” e lhes afirma: “vós não sabeis o que sucederá amanhã”. O que são os nossos planos, quando comparados à vontade do Senhor?
O sábio Salomão escreve que não há plano, conhecimento ou ideia que possa prosperar contra o Senhor (Pv 21.30), que o homem até pode estar pronto e armado para a batalha e lutas que vê, mas que é do Senhor que vem a vitória (Pv 21.31), e que alguns caminhos e planos podem nos parecer corretos e direitos, mas que levam apenas à morte (Pv 14.12).
A verdade é realmente esta: nós não sabemos os que nos acontecerá amanhã. Quão sábios podemos ser, quão longe conseguimos enxergar? O que podemos fazer quando Deus nos mostra que a nossa sabedoria, nosso planejamento, é nada comparado ao que Ele já anteviu e decretou? O que são nossos planos, repito, quando comparados à vontade do Senhor?
A resposta encontramos, novamente, nas palavras de Tiago. Antes, entretanto, de nos trazer luz a este questionamento, ele faz uma observação sobre o que é a nossa vida: “sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”. Isto deve nos servir como um aviso, um alerta. Não se apegue às coisas desta vida, como se fossem eternas. Não se sinta preso por aquilo que você tem, ou que almeja em ter. Não pense que seus planos são tudo o que lhe sustenta. Nossa vida, ainda que vivida no seu limite de dias, com quem sabe 80 ou 90 anos, é passageira, como um estalar de dedos. Como um vento que sopra e dissipa a neblina ante de nossos olhos.
A vida é breve, caro leitor, e precisa ser vivida com sentido. Davi escreveu palavras verdadeiras sobre isso, e que devem ser lembradas. Antes de chegarmos ao Salmo 91, conhecido por muitos e declamado em momentos difíceis, quando em busca de conforto e esperança, precisamos nos ater ao que o salmista revela no Salmo anterior.
“Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos!” Sl 90.10
Como, então, viveremos? Agora sim vem a resposta do apóstolo. Viveremos uma vida com sentido, uma vida com propósito, uma vida que glorifica a Deus quando entendermos que é em submissão a Ele que devemos viver. Tiago escreve para aquelas pessoas, que o certo a se fazer é reconhecer que tudo depende do querer de Deus, inclusive se estaremos vivos ou não. “Em vez disso”, afirma o escritor, “deveríeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.”
Toda a nossa vida, o que fazemos ou pensamos, desde o momento em que acordamos à hora em que deitamos o corpo para dormir, tudo depende inteiramente do Senhor. Em Atos, Lucas registra um discurso de Paulo que resume muito bem o que tento passar nestes parágrafos finais:
“Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele.” At 17:28
Sim, nele nós vivemos, pois Cristo é o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Nos movemos, pois Ele é a nossa motivação, e quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar (Fp 2.13). Existimos, pois foi pela boa vontade do Senhor que fomos criados e predestinados para louvor da glória de sua graça (Ef 1).
Nossa vontade deve ser sujeita ao querer de Deus. Vemos isso de forma muito clara em um exemplo que o próprio Cristo nos dá. Quando no Monte das Oliveiras, pouco antes de ser traído por Judas, Ele ora ao Pai clamando que, se possível, aquele sofrimento lhe fosse poupado. Entretanto, sendo o maior exemplo de submissão, como também narrou Paulo aos Filipenses, sua oração termina com “contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42 e Fp 2.5-8). Uma vida só tem sentido em ser vivida quando seus dias são contados para glória do Pai, mesmo em face da morte.
Enfim, querido leitor, tenha consciência disto: a vida é breve, como um sopro, uma neblina, um estalar de dedos. Nós, e ouso dizer que pela graça do Pai, não estamos no controle da situação, e não detemos o poder de mandar em nosso futuro. Somos dependentes do Senhor, e viveremos com sentido se colocarmos em prática nossa missão principal – viver para glória de Deus.
Como diz a cantora, Ana Vilela, “a vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir”.