Barbara Gerneza, jornalista russa e correspondente do IG na Copa gravava entrevista quando foi surpreendida com tentativa de beijo e música pejorativa de torcedores em novo caso de assédio
Você deve ter visto ou ouvido falar de um vídeo gravado por torcedores brasileiros ao lado de mulher russa durante a Copa do Mundo 2018 , que tem dado o que falar nas redes sociais. Nele, o grupo de homens vestidos com a camisa da seleção brasileira entoam uma frase relacionada ao órgão sexual feminino e incitam a moça (que obviamente não entende nada do que dizem) a “cantar junto”, mesmo que ela não soubesse o significado das palavras. Pouco tempo depois de ‘cair’ nas redes, as imagens claras despertaram a reflexão necessária sobre assédio na Copa.
Apesar de o ato ter sido majoritariamente condenado no Brasil, inclusive por autoridades e artistas, alguns torcedores não se intimidaram e continuaram praticando assédio na Copa do Mundo. Dessa vez, a jornalista russa Barbara Gerneza, correspondente do IG Esporte, que produzia reportagem, foi alvo de um grupo de 14 torcedores, a maioria vestindo a camisa ‘canarinho’.
Segundo relatou à reportagem do iG , ela tentava gravar entrevistas com brasileiros quando foi surpreendida pelo grupo. Além de cantar música pejorativa para ela, um deles tentou beijá-la.
Assista ao vídeo do momento em que o fato aconteceu.
A reportagem indentificou três dos 14 homens até o momento. Fred, que tenta beijar Barbara, é o empresário Alfredo Cardoso Daumal Miranda. Outros dois, que entoam a música alegremente são Rodrigo Santoro e José Roberto Lucchesi, conhecido como Xerife.
“Na hora eu não percebi, estava bem ansiosa porque tentava fazer a entrevista em português e eles estavam cantando para mim. Não prestei atenção nas palavras, só percebi depois que vi o vídeo de novo. O sentimento não foi nada bom, foi triste. Eles pareciam ser divertidos, mas na verdade não foi nada legal. Você não espera algo assim, você espera coisa boa, e então acontece isso”, relatou a jornalista, que entende português, mas não é totalmente fluente na língua.
Além da “música” e da tentativa de beijo, um dos homens ainda chama Barbara Gerneza de “gracinha”, antes de se juntar aos outros brasileiros “para cantar”. Nesse momento, todos sorriem e pulam em frente à câmera, fazendo referência ao órgão genital feminino .
Ainda chateada, a jornalista diz que, em geral, os brasileiros são simpáticos. “Comigo, num modo geral, eles estão se comportando bem, são simpáticos. Entrevistei vários outros que foram educados e legais”, destaca.
Outros casos de assédio a jornalistas
Infelizmente, não é inédito e nem recente o comportamento machista contra torcedoras e mulheres profissionais no mundo do esporte. Também durante a Copa, a jornalista colombiana Julieth González Therán, correspondente da Deutsche Welle em Moscou, foi agarrada e beijada na bochecha por um homem enquanto fazia uma transmissão da praça Manege.
O clima foi de total constrangimento e sua companheira de equipe, Ana Plasencia, do estúdio, manifestou-se, dizendo que percebia que “os torcedores tomam a liberdade de distribuir beijos sem pedir permissão ”. Em sua conta do Instagram, a jornalista assediada pediu respeito.
Fonte: Esporte – iG