O cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, confirmou hoje (25) que há 51 crianças brasileiras separadas dos pais, depois de terem cruzado a fronteira entre o México e os Estados Unidos. Até sexta-feira (22), o número que o governo brasileiro tinha era de 49 crianças.
Segundo Santarosa, uma das crianças deve se encontrar com a mãe em breve. “Eu espero que o menino consiga sair esta semana já”, disse o cônsul-geral adjunto à Agência Brasil. Ele informou que o menino, de 9 anos, está em um abrigo perto de Houston, e sua mãe, no estado de Massachusetts, depois de ter tido liberdade condicional concedida na quarta-feira (20) pela Justiça norte-americana.
Por enquanto, a assistente social do abrigo está providenciando os papéis para promover o reencontro da família. O menino já conversou com a mãe por telefone, e a família deve ficar nos Estados Unidos até que o processo seja finalizado, e a Justiça decida se ela pode ficar no país ou deve ser deportada.
Segundo o cônsul-geral adjunto, que conversou com a criança na sexta, o menino está sendo bem tratado. “É claro que ele está em um abrigo, está há 20 dias dentro de um abrigo. Mas o abrigo tem uma escola, ele tem frequentando aulas nessa escola, me pareceram condições geralmente boas. Ele está sendo bem alimentado, é claro que psicologicamente é uma situação um pouco mais difícil”. Apesar disso, Santarosa afirmou que, durante a entrevista dele com o menino, a criança não chorou.
De acordo com Santarosa, o menino está em um abrigo pequeno, para apenas 170 crianças. Como é o único que fala português, acaba se comunicando em espanhol na maior parte do tempo, embora tenha direito a solicitar um intérprete do idioma materno quando houver dificuldades de comunicação.
Santarosa disse que, a partir de agora, cada consulado é responsável pelas informações sobre as crianças de sua jurisdição. Por isso, não tem informações sobre outras crianças que poderiam se unir aos pais em breve, acrescentou. Na jurisdição de Houston, há oito no total. O cônsul-geral adjunto afirmou que “o interesse dos abrigos é reunir [as crianças] com os pais, eles não querem manter as crianças separadas. Agora, a dificuldade é que os pais estavam em prisões, eles não podem mandar as crianças para prisões”.
Desde maio, a política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tolerância zero com a imigração ilegal, levou à separação de mais de 2 mil crianças de suas famílias ao passar pela fronteira entre México e Estados Unidos. Na quarta-feira (20), depois de muita pressão doméstica e internacional, Trump assinou um decreto executivo que poria fim à separação das famílias. A solução deve ser manter as crianças presas ao lado dos pais.
*EBC