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MÚSICA : Rejeitado pelo novo governo, Magno Malta deverá se dedicar à música gospel

Sem lugar no governo de Jair Bolsonaro , o senador e pastor evangélico Magno Malta (PR-ES) — aquele que puxou a oração a pedido do presidente eleito logo que o resultado foi anunciado — pode estar amargamente arrependido por não ter aceitado o convite para ser vice do presidente eleito.  Um dos mais ativos do candidato, ele resolveu apostar na reeleição para o Senado pelo Espírito Santo… mas não entrou. O que resta agora, além de esperar? Concentrar-se na música?

Baiano de nascimento, Malta dividiu o começo de sua vida profissional entre as ocupações de pastor evangélico e vocalista do grupo de samba gospel Tempero do Mundo.Em 1993, ele entrou para o universo secular da política (como vereador) e elegeu a pedofilia e o narcotráfico como alvo de suas cruzadas, ou melhor, CPIs no senado. Mas não se afastou totalmente da música. Em 2013, por exemplo, Malta lançou o CD “Samba para adorar”, um belo exemplar do chamado pagode evangélico (também conhecido como Pra God).

 

Hoje em dia, não é novidade para quase ninguém que o mercado gospel tenha assimilado boa parte dos gêneros da música popular. Você ouve uma música, pensa que é daquele artista que você conhece bem, mas quando entra o vocal, o artista é outro, e a mensagem, de louvor. Com participações de Neguinho da Beija-Flor, Dudu Nobre e Waguinho (ex-Os Morenos, que depois se converteu à Assembleia de Deus), “Samba pra adorar” preserva o clima festivo de uma boa roda de samba, em que dá para imaginar aquela cervejinha rolando. Aí entra Magno Malta — cantor bem razoável — e manda a letra: “Há um mistério na igreja/ há um silêncio de oração/ há um milagre acontecendo/ no meio da congregação.”

 

Assim como o prefeito Marcelo Crivella (de quem Bezerra da Silva, no fim da vida e convertido à Igreja Universal, gravou o samba “Gente fina”), Malta tem uma predileção por composições que falam da superação da vida de erros de quem vive nas rodas de cantoria. “Não sou pé de cana, não sou mais doidão, quando eu ando na rua a galera do bairro me chama de irmão”, canta com júbilo o senador em outro samba do disco. Noutro, avisa: “É melhor comer pão com Jesus do que caviar com o diabo”. Zeca Pagodinho certamente não resistiria ao comentário: “Você sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar.”

 

A crítica gospel — ou melhor, as pessoas que publicaram comentários no teaser de “Samba pra adorar” no YouTube — às vezes pode ser implacável. “Magno Malta por favor se limite a compromissos no senado, isso não é música cristã, e além disso você canta muito mal…”, escreveu um. Mas a defesa veio logo depois, de outro ouvinte: “ Se vc  não é eclético não  conheces  (sic) o Eterno. Pare de  enveja r(sic)  seu irmão e  precure  (sic) orar por ele e tentar fazer melhor para servir de exemplo. Parabéns Magno pelo seu trabalho como músico e verdadeiro politico que vc é. Os seus frutos  tem  (sic) contagiado o BRASIL.”

 

E, por falar em Brasil, nosso gigante varonil foi o tema de outro álbum do senador, “Meu país” (2005), que está inclusive disponível no Spotify. Mais para o pop tradicional de louvor do que para o samba, o disco revela uma forte consciência social logo na faixa de abertura, “Canção para o meu país”: “Nessa terra de prata e ouro, recheada de tanto tesouro, é difícil ouvir as notícias e não chorar/ pois os homens sem pena se matam, se machucam, se ferem e maltratam/ é preciso pintar outro quadro, é preciso mudar.”

 

Meio como Odair José, Magno Malta procurou denunciar as mazelas do povo oprimido também em “Menino do sinaleiro”, canção de “Meu país” na qual ele se põe na figura do assaltante e procura mostrar alguém que não seja somente o alvo preferencial para as balas da polícia: “Você chega até a pensar que eu gosto de roubar/ mas não procura saber que dia que foi que eu comi.” Por essas e por outras é que se renova aqui a sugestão: volte a cantar, senador.

RELEMBRE

FONTE: O Globo

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