Um grupo de teólogas feministas protestantes e católicas uniu forças para redigir uma “Bíblia das Mulheres” com o objetivo de promover o empoderamento feminino. Elas se dizem cansadas de ver como os textos sagrados estão sendo usados de forma negativa contra elas.
Enquanto a maior parte das feministas luta contra a Bíblia Sagrada, que consideram “machista” e “patriarcal”, as teólogas insistem que se interpretada apropriadamente, ela pode ser uma ferramenta para promover a emancipação das mulheres.
Na introdução da “Bíblia das Mulheres”, as autoras defendem que cada capítulo deveria conter um “exame das mudanças na tradição cristã, pois há temas que permanecem ocultos, há traduções tendenciosas e interpretações parciais”.
Há também críticas sobre as “leituras patriarcais persistentes que justificaram numerosas restrições e proibições às mulheres”, escreveram de acordo com o Daily Mail.
O grupo ecumênico, que conta com dezenas de teólogas de vários países, alerta para o fato de que as mulheres são citadas na Bíblia como subservientes, prostitutas ou santas.
“Os valores feministas podem ser compatíveis com as Escrituras”, alega Lauriane Savoy, 33, professora de teologia em Genebra e uma das organizadoras da “Une Bible des Femmes” (Uma Bíblia das Mulheres), lançada originalmente em francês, mas que deve ganhar versões em outras línguas em breve.
Justificativas
A coletânea de textos põe em xeque as tradicionais interpretações bíblicas que apresentam as mulheres como frágeis e subordinadas aos homens. Parmentier, 57, outra das organizadoras, aponta para uma passagem no Evangelho de Lucas, na qual Jesus visita as irmãs de Lázaro, Marta e Maria.
“Lá diz que Marta garante o ‘serviço’, o que foi interpretado como significando que ela servia a comida, mas a palavra grega diakonia também pode ter outros significados, por exemplo, poderia significar que ela era uma diaconiosa”, ressaltou.
Savoy por sua vez, apontou para Maria Madalena, “a personagem feminina que mais aparece nos Evangelhos”, e que recebeu um tratamento superficial em muitas interpretações comuns dos textos.
“Ela ficou ao lado de Jesus, inclusive quando ele estava morrendo na cruz, quando todos os discípulos do sexo masculino estavam com medo. Ela foi a primeira a ir ao seu túmulo e a testemunhar da sua ressurreição”, ressaltou.
O lançamento da Bíblia pega carona com o movimento #MeToo que faz parte da campanha dos 16 dias em favor do “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher”, organizado pela ONU.
Fonte :Gospel Prime