Por Rafael Nunes – O Prefeito de Vitória da Conquista Herzem Gusmão Pereira (MDB), antes de chegar ao comando do executivo municipal, desenvolveu, todos sabem, o trabalho de radialista na Cidade. A sua performance, o seu conhecimento sobre a Cidade, o timbre de voz e maneira convincente como verbaliza foram os fatores que fizeram com que, os conquistenses lhes entregassem os seus votos. Em suas participações nas eleições de 2008 até 2016, concorreu em todas, acumulando 4 derrotas e 1 vitória, vale destacar que sempre com votações crescentes.
Nessa construção (entre o microfone de rádio até vencer a eleição e chegar ao poder) foram quase 50 anos. Nesse interstício, Gusmão Pereira, opinou sobre gestão pública e sobre homens públicos. O curioso é identificar em sua gestão aspectos que foram criticados nas gestões de seus antecessores, no seu venenoso microfone de rádio. Vejamos:
Herzem fez um “carnaval” em seu programa de rádio, programa esse, velho conhecido do poder judiciário, quando a gestão do então Prefeito Guilherme Menezes contratou o advogado Celso Castro pagando muito dinheiro. Agora no poder, Pereira faz pior. Contratou por uma fortuna o escritório do advogado Ademir Ismerim, contrato esse motivo de provocação do Ministério Público estadual. Mas ele não desistiu em contemplar o também conceituado advogado Ismerim. O nomeou na Prefeitura como procurador e ainda colocou sob os cuidados do referido advogado os processos pessoais. Imagina o que Pereira diria se estivesse no microfone de rádio.
A falta de desconfiômetro não tem limite. Pereira dizia em seus editoriais que as 43 equipes de programa da família, era uma vergonha. Que o número adequado seria 60, em função da população do município. Que cada distrito seria assistido com uma ambulância. Quando chegou ao poder, Pereira no afã de turbinar o setor privado de saúde, espancou o sistema SUS, se negando inclusive a adesão ao consórcio de saúde, a manter a regularidade dos pagamentos à Santa Casa de Misericórdia.
Quem não se lembra da perseguição sofrida pelos Vereadores da situação à época da votação que deu origem a fundação de saúde Esaú Matos. No rádio Herzem fez oposição ferrenha para que o legislativo não aprovasse a medida, chamando a mesma de privatização. No poder não fez nada para rever tal iniciativa e utiliza desse instrumento para driblar a lei de responsabilidade fiscal, importante marco da moralidade administrativa do Brasil.
Os comentários acerca do sistema de transporte coletivo, também eram fervorosos. Dizia que o ideal seria um serviço, com 3 empresas de ônibus para atender ao sistema. Quando chegou ao poder, a sua incompetência não permitiu conservar as 2 que estavam originalmente. Hoje, opera apenas a concessionária “Cidade Verde” e a Prefeitura opera o lote 1 com carros alugados e trava internamente a “discussão da pasta Rosa”.
O radialista se mostrava apaixonado pela cidade quando defendia a educação pública e gratuita. Quem ouvia se emocionava com a defesa ”Pereiral “ quando gestões passadas tiveram a necessidade de fechar escolas na zona rural por falta de viabilidade econômica. No microfone a indignação ultrapassava as ondas do rádio. O que fez o Prefeito Pereira? Fechou escolas. Mudou a nomenclatura do ato. Agora é “nuclear”, pra ficar bem na foto. O que o radialista Herzem Gusmão diria do Prefeito Pereira?
As campanhas salariais dos servidores públicos eram um prato cheio para o radialista Herzem. Na legítima luta travada pelos servidores com o então executivo municipal, o comunicador vocalizava a discussão levantada, hipotecando apoio às categorias, dando voz aos dirigentes sindicais, uma delas inclusive presidente do então PMDB. E agora? De forma peremptória, o Prefeito Pereira bloqueou manifestações dentro do prédio da Prefeitura (no passado, Geanne Oliveira – ex-presidente do SIMMP, atual secretária de Governo, até feijoada fez dentro da Prefeitura) e agora, mandou encher de multas o carro do Sindicato dos Professores que participou de manifestações na porta da Prefeitura. Consta-se que no rádio ele é um democrata, republicano. No poder é um tirano.
Com essas constatações, fica difícil negar que existem 2 “Herzens”. Um, que foi o radialista corajoso e que sempre se colocou amante de Vitória da Conquista. E o outro, o Prefeito Pereira, que tenta enganar a população, mas não consegue. Conquista sabe o que Pereira fez no verão passado.