Apesar de ainda serem pouco mencionadas, as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN’s), mais especificamente a Doença de Chagas e a Hanseníase, estão presentes no Sudoeste Baiano. Por isso, os agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem da Atenção Básica do município estão sendo capacitados pelo Projeto Integra DTN’s, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), para estarem mobilizados e preparados para a observação de possíveis casos das duas doenças no território.
O Projeto Integra DTN’s é feito em parceria com as Diretorias de Atenção Básica e Vigilância em Saúde do município e busca trabalhar na sensibilização dos profissionais. “O agente de saúde, no seu dia-a-dia, é o nosso elo para o acompanhamento das famílias e, uma vez identificada alguma mancha, doença ou alteração na saúde dessas pessoas, eles podem sinalizar à equipe para o devido acompanhamento”, afirma Julieide Rosa, diretora de Atenção Básica.
O Projeto Integra DTN’s iniciou as atividades em 2018 e tem por objetivo incorporar as ações de enfrentamento da Doença de Chagas e Hanseníase no âmbito da Atenção Primária à Saúde em cinco municípios da região Sudoeste: Anagé, Tremedal, Vitória da Conquista, Encruzilhada e Barra do Choça.
Apesar de não haver áreas detectadas com casos de Doença de Chagas no município, o projeto está indo mais a fundo no trabalho de visitas aos domicílios para constatar se esse é realmente o quadro situacional do município, como explica Monique Grijó, pesquisadora do Integra DTN’s e enfermeira responsável pelo serviço de referência à Hanseníase no Centro Municipal de Tuberculose e Dermatologia Sanitária: “Nos municípios por onde o projeto já passou também não havia nenhuma detecção e a medida que avançamos com a visita às casas, fazendo a varredura, nós conseguimos capturar vários animais. E aqui em Vitória da Conquista também iniciamos esse trabalho e já começamos a colher exemplares desses animais que estão sendo encontrados em algumas localidades”.
Em relação à Hanseníase, o trabalho do Integra DTN’s será feito a partir dos pacientes já diagnosticados com a doença nas áreas que serão trabalhadas. Por se tratar de um município de grande extensão territorial, o projeto definiu por meio de sorteio os locais que receberão atuação dos pesquisadores. Ao todo serão 12 localidades da zona rural e urbana em que o projeto irá fazer uma busca de pacientes já diagnosticados nos últimos 5 anos com hanseníase para investigar os contatos próximos a eles.
Nas visitas domiciliares será feito tanto o trabalho de enfrentamento à Hanseníase com avaliação e exame físico, quanto a busca de inspeção pelo Barbeiro, parasita responsável pela transmissão de Doença de Chagas e a coleta de sangue dos moradores, para o diagnóstico da doença.
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