Na semana passada, foi realizada pela primeira vez no Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC) uma Microcirurgia para Plexo Braquial. O procedimento aconteceu como fruto de uma parceria entre as equipes de Neurocirurgia e Ortopedia (cirurgia da mão e microcirurgia) da unidade.
O paciente, de 19 anos, chegou ao HGVC apresentando uma lesão grave de plexo. Esse tipo de lesão costuma ocorrer em traumas de impactos mais fortes, tendo como maior exemplo os acidentes motociclísticos, como foi o caso do paciente.
De acordo com Albércio Brito, ortopedista especializado em cirurgia da mão e microcirurgia, quando há uma lesão do plexo braquial pode ocorrer a perda completa ou parcial da função do membro, por se tratar de uma lesão de um conjunto de nervos que saem da medula espinhal, passando da região cervical para o membro superior.
Esses nervos são como o “sistema elétrico” do corpo, agindo como o maestro da orquestra e levando os estímulos do cérebro, de forma que seja dado o comando para que se realize determinada função.
O objetivo da microcirurgia de plexo braquial é tentar, através de técnicas microcirúrgicas, realizar o reparo dessas lesões. Isso envolve uma infinidade de tratamentos, todos com o objetivo de melhorar a função do membro.
O Neurocirurgião Iogo Henrique, que também atuou no procedimento, apontou que as lesões do plexo Braquial são complexas e exigem a participação de várias especialidades médicas para um bom resultado clínico. Além da reconstrução de nervos por microcirurgia, também são necessários procedimentos como artrose de articulações e transferência de tendões. São estratégias que visam restabelecer a movimentação e precisam de profissionais atuando em conjunto. Neurocirurgia, ortopedia, cirurgia de mão, cirurgia plástica e fisioterapia especializada. A neurocirurgia tem uma participação fundamental na parte microcirúrgica e discussão clínica das opções disponíveis.
O procedimento, que durou cerca de 2 horas e 20 minutos, foi realizado com tanto sucesso e precisão que o paciente já estava pronto para receber alta hospitalar no dia seguinte.
Esse tipo de tratamento é de grande valor para o HGVC e toda a região Sudoeste do Estado, uma vez que são poucos os profissionais habilitados para tratar esse tipo de lesão no Brasil.
“Acabamos por oferecer um tratamento que, até então, os pacientes não conseguiam, pela dificuldade de acesso. Existe uma demanda grande de pacientes com lesão de plexo que antes não tinham tratamento e agora podem ficar esperançosos”, conclui Albércio Brito.