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Primeira lista de Dunga na seleção sem centroavante é boa notícia, mas segue faltando volante passador, que pensa

Antes de qualquer observação, fica a lembrança: Dunga e Gilmar Rinaldi não eram os nomes ideais para a retomada da seleção após os traumáticos e inesquecíveis 7 a 1 da Alemanha. Tite e Leonardo estão mais preparados, mas a escolha da CBF sempre passa por um viés político que fica acima da gestão, da técnica e da tática. Pena.

Mas a vida segue. E a primeira lista do novo técnico para amistosos contra Colômbia e Equador em setembro traz uma novidade em relação a Luiz Felipe Scolari: nenhum típico centroavante.

Com a oportunidade dada a Philippe Coutinho, que atua melhor da esquerda para dentro, é possível que Dunga avance Neymar como referência na frente, se o sistema escolhido for o 4-2-3-1. Pela direita, a tendência é encaixar um canhoto. Everton Ribeiro ou Hulk. Ricardo Goulart, mais vertical, ou Oscar no centro.

formação 1

Pode funcionar se a dinâmica estimular a movimentação constante do quarteto ofensivo, com os jogadores se procurando para criar espaços com tabelas e ultrapassagens. A ideia de Mano Menezes no final do seu ciclo com Neymar adiantado, e não como “falso nove”, merece ser resgatada.

Isso se Dunga não optar por Tardelli ou até Hulk mais avançado em um esquema com dois atacantes, repetindo o 4-3-1-2 com variações de 2010. Neste cenário as chances de Ramires executando a função de volante-meia pela direita aumentam.

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A reformulação do sistema defensivo também é interessante, considerando a ausência do lesionado Thiago Silva. Miranda pode formar boa dupla com David Luiz. Maicon é jogador de confiança de Dunga, deve ser o titular pela direita. E Filipe Luís à esquerda tem tudo para dar equilíbrio na última linha, fazendo a cobertura por dentro. Laterais que marcam e atacam, não dependem de um volante fixo na cobertura dos zagueiros.

Com isso, os meio-campistas mais defensivos podem sair para o jogo. O retorno de Elias é importante, mesmo só voltando a atuar no segundo semestre do ano. No entanto, segue faltando o passador. O corintiano, Luiz Gustavo, Fernandinho e Ramires conduzem e passam com simplicidade. Mas não pensam o jogo, nem têm o toque que qualifica e acelera a saída de bola. Sem passe limpo, vertical. Ninguém que saiba a hora de acelerar e cadenciar, como Kroos, Schweinsteiger, Xabi Alonso, Pirlo…até Mascherano na seleção argentina. Segue como a maior carência. É preciso formar na base. O cruzeirense Lucas Silva é nome para o futuro.

A dor e a reflexão pós-Copa continuam. Também a necessidade de repensar o futebol brasileiro, a despeito da imobilidade da CBF. Ainda assim, a lista é boa e as ideias, dentro das circunstâncias, são interessantes. Merecem observação. Com ressalvas, mas sem preconceito.
André Rocha, blogueiro do espn.com.br

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