Cotidiano Trânsito

Por que o buraco da sua rua sempre volta?

 A ciência tem a resposta

Imagem: Blog do Anderson

A coluna Tilt do site UOL, publicou uma matéria em que o tema foi abordado, onde, segundo o professor do curso de Engenharia Civil da FEI Felipe Cava, a resposta para isso é complexa. “O problema não está no material asfáltico e sim em outras variáveis. Se os bons costumes da engenharia forem seguidos, o pavimento terá um bom desempenho”, diz Felipe Cava, professor do curso de Engenharia Civil da FEI.

Os buracos geralmente ressurgem quando há alguma dessas situações:

“Erros de execução do pavimento original e/ou do conserto

Uso de materiais inadequados

Estrutura do pavimento que não é suficiente para o tráfego no local

Estrutura do pavimento original em estado precário

Ausência de drenos, o que favorece o acúmulo de água”

 

Se for no estilo “tapa-buraco”, onde apenas se joga uma camada de asfalto sobre a área danificada, a tendência é que o problema retorne depois de pouco tempo.

“Quando as camadas mais profundas do pavimento não são tratadas, sem a devida compactação, a tendência é o buraco reaparecer. Sem esse suporte inferior, o buraco retornará”, diz Oswaldo Sansone Rodrigues Filho, professor de Estradas de Rodagem da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

O conserto superficial deve ser usado como solução emergencial — para remendar buracos que atrapalhem o fluxo de vias movimentadas ou coloque em risco quem nelas trafega causando o mínimo de impacto possível no trânsito local.

Em seguida, o local deve passar por conserto mais profundo na primeira oportunidade possível. Deve ser feito um recorte quadrado ou retangular no local, compactação correta de sua base e reaplicação das camadas de pavimento.

Imagem: ilustração | Flickr

Como são feitas as ruas de asfalto?

Para pavimentar uma rua, é preciso considerar as principais etapas a seguir:

Planejamento: que envolve o estudo de propriedades do terreno e do solo, a definição do trajeto e do tipo de tráfego, análise de estruturas de serviços públicos (esgoto, distribuição de água), como será feita a drenagem e definição de custos de manutenção

Preparação do subleito e sub-base: é aqui que o solo, também chamado de subleito, é compactado e recebe camadas. Em seguida temos a sub-base, que é composta de materiais como brita (pequenas pedras) e areia e tem como função dar sustentação à base, resistindo às cargas transmitidas, drenar infiltrações e evitar que a água do solo suba para as camadas superiores por capilaridade.

Acomodação da base e da camada de ligação: a base é uma camada com composição similar à da sub-base, porém em proporção diferente, com uma quantidade maior de brita e que também pode conter cimento. Ela serve para dar resistência ao pavimento e transmitir à sub-base as cargas provenientes do tráfego de veículos. Já a camada de ligação, que vai sobre a base, é composta do chamado concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), popularmente conhecido por asfalto, uma substância composta de cimento asfáltico (o betume, um derivado do petróleo) e agregados, que podem ser diversos materiais na forma de pequenas pedras.

Revestimento da camada de rolamento: por fim, há uma camada de CBUQ, com uma composição diferente da usada na camada de ligação, onde há mais cimento asfáltico do que agregados, o que a torna mais lisa. Essa camada é compactada, de forma a melhor o conforto de rodagem dos veículos”

Imagem: ilustração | Flickr

Por que não se usa concreto?

E as estradas feitas com concreto… Utilizá-lo nas vias urbanas significa ter menos buracos?

Tudo depende do nível de qualidade da execução do pavimento. No Brasil existem rodovias e vias urbanas que usam concreto em sua pavimentação. Mas, é preciso considerar uma diferença importante entre rodovia de asfalto e de concreto: a rigidez.

O pavimento asfáltico é mais flexível e indicado para locais onde o solo é mais resistente. Os de concreto, devido à rigidez, absorvem mais tensões e transmitem menos cargas para o solo. Podendo ser usado onde o solo oferece menos resistentes às cargas transmitidas.

Outro fator a ser considerado é o tempo exigido para a cura do concreto, que pode durar até 28 dias. Isso impede a utilização da via nesse período.

 

Vinicius Marostica Alberto, mestre em Engenharia Civil e professor do Instituto Mauá de Tecnologia, lista as vantagens de cada material.

Pavimento asfáltico: menor custo de implantação, uma expertise maior no mercado brasileiro, a rapidez para a liberação do tráfego após consertos e sua obtenção gera menos poluição do que ocorre no caso do cimento usado no concreto.

Pavimento de concreto: menor custo de manutenção, menos suscetível a grandes deformações, vida útil do pavimento é maior e ele reflete mais a luz, o que pode contribuir para um menor custo de iluminação.

“Não existe uma solução que seja, necessariamente, a melhor escolha, já que isso depende das condições de implantação de cada tipo de pavimento”, concluiu.

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