Opinião e Artigos Política

A MORTE DE EDUARDO CAMPOS E O DESTINO DE MARINA SILVA

Por Luis Rogério Cosme

Filiado ao Partido dos Trabalhadores, professor doutor da Universidade Federal da Bahia. Autor do livro “A alma do animal Político”, no qual faz uma análise crítica do PT baiano (2012).

A morte de Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência da república, nos leva a meditar sobre a natureza indefinida da vida e da política. Estupefatos, os familiares e amigos de Campos tentam compreender o que não pode, pelo menos sob um olhar materialista da vida, ser compreendido. Nos bastidores da política (não nos enganemos com a natureza humana) os mais ágeis articuladores já esboçam as melhores alternativas para substituir o candidato do Partido Socialista Brasileiro. Marina Silva é o nome que a sociedade espera, mas pode não ser o nome que o seu partido escolha.

Diferentemente dos políticos famigerados pelo poder, as características pessoais de Marina Silva fazem dela um ícone de certezas sobre o seu caráter e humildade na relação com os pares. Protagonista da REDE, que não foi criada em tempo hábil, viu-se acolhida no PSB de Campos, e mesmo tendo o dobro das intenções de votos do companheiro, acomodou-se na vice da chapa majoritária sem gemidos. Essa postura decorre dos freios de ambição e vaidade que ela usa ao transitar na política e na relação com o poder.

A vida agora convoca a ex-senadora Marina a uma posição mais incisiva. Até mesmo ofensiva. Sua humildade e seu luto devem ter limites para que os figurões do PSB não se julguem capazes de excluí-la do que parece ser um direito por ela naturalmente adquirido: suceder Campos no bom combate pela presidência da República.

Não há dúvidas que é mais seguro para o Brasil, na iminência de um segundo turno para presidente, que ocorra a disputa entre duas mulheres: Marina (PSB) e Dilma (PT), pelo projeto mais à esquerda que ambas representam, e que a sociedade brasileira necessita ver implementado.

O PSB, ao seguir a linha defendida por Eduardo Campos, deve legitimar Marina Silva sob pena de cometer um suicídio político-partidário e o genocídio do desejo nacional. Afinal, não é essa a função de vice?  Negar esse direito a Marina Silva, com o potencial eleitoral que ela possui, é tão violento, pobre e irracional quanto são as postagens no facebook e demais redes sociais que culpabilizam Dilma e o PT pela queda do avião no qual estava Eduardo Campos.

Oportuno e promissor seria o debate direto entre Marina e Dilma. Oportuno, para o Brasil que espera mais que o tancredismo do tucanato, conservador, neoliberal, expresso na figura de Aécio Neves (PSDB). Promissor para a política que não suporta tantos machos dando cabeçadas e pondo a culpa de toda a trapalhada no colo das mulheres. Que o PSB tome esse momento como premissa para o exercício do bom senso, pondo Marina Silva no lugar que o destino reservou para ela.

1 comentário

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  • Diante do “nada” que nos surge como opção de voto na atualidade, não somente à presidência da república, mas também para todos os outros cargos a serem ocupados após as eleições, seria bastante interessante poder decidir entre duas mulheres.
    Que as tragédias e acasos sirvam para que as coisas se ajustem à nossa urgente necessidade de que as coisas aconteçam para beneficiar os brasileiros e não somente o “Brasil”.

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