No primeiro final de semana do mês de março, o casal de cantores Jackson e Talita tiveram a oportunidade, não só de cantar e ministrar sobre jovens em Anápolis (GO), mas também compartilhar sobre a realidade que vivem no cotidiano por serem pais de um garoto autista.
O casal participou do 47º UMADA (União das Mocidades da Assembleia de Deus Ministério Madureira de Anápolis) e, ao ver que seu filho se entusiasmou com o momento de louvor durante o culto — o que é bem comum, segundo ele — aproveitou para conscientizar um pouco as pessoas presentes sobre o autismo.
A palavra acabou se tornando um impactante testemunho e também uma forte mensagem de apoio às famílias que têm pessoas com autismo.
“Meu filho tem autismo de grau leve. A dificuldade de um autista é de socializar e se comunicar. Algumas pessoas olham para um autista e acham que ele é anormal. Na verdade, eles [autistas] são normais, nós é que somos anormais. Porque o autista é verdadeiro, nunca tenta ser o que não é. É por isso que alguns autistas têm dificuldades de brincar com bonecos, porque ele não consegue criar um mundo de ‘faz de conta’, não consegue criar um mundo de fantasia”, explicou.
“Aquilo que você não vê o autista vê. Aquilo que é difícil para você é fácil para ele, mas aquilo que é fácil para você é difícil para ele. Aquele código que você tenta descobrir, o autista não descobre, ele enxerga. Os maiores gênios andam desarrumados, têm dificuldades de abotoar o botão de uma camisa, mas não tem dificuldade de olhar nos teus olhos e dizer oi!”, acrescentou.
Aproveitando para passar uma mensagem de apoio aos pais de pessoas com autismo, Jackson destacou que o autismo não deve ser visto simplesmente como um peso, um inconveniente, mas sim como uma oportunidade de se tornar bênção e ser abençoado.
“Algumas pessoas vão olhar para você, que é pai de um autista, de [uma criança] com déficit de atenção, com Down e vão dizer: ‘nasceu um problema’. Na verdade, você teve a sorte, que Deus te deu de enxergar o mundo através dos olhos deles”, afirmou.
“Não é o fim do mundo! Socialize ele, não tenha vergonha de apresentar e quanto mais você falar desse assunto, Deus vai te curar. Talvez tenha um pai aqui que tenha alguma dificuldade, porque o grau [de autismo] dele não é igual ao do Jackson, que é leve, é um grau severo. Talvez, para você trazer ele para a igreja não é fácil. Para você sair de casa e ir à farmácia é como preparar um almoço de domingo para 200 pessoas”, reconheceu. “Você não está sozinho. Não existem só filhos especiais, existem pais especiais e você foi escolhido para cuidar deste anjo”.
Jackson pediu às famílias de autistas que se desfaçam de qualquer preconceito sobre a condição.
“Se você tem uma pessoa dessa na família não olhe com preconceito. Nunca diga que ele é diferente. Nem todo ser humano é autista, mas todo autista é um ser humano. Não avalie ele mau, porque o que é difícil para você é fácil para ele, cada um tem sua dificuldade e Deus vai te usar na dificuldade que você tem”, lembrou.
“Não vim palestrar sobre autismo, mas estou compartilhando algo que eu vivo na prática, que não é falado em culto, mas eu estou explicando aqui para você, que de repente viu o Jackson correndo, já olhou e reprovou”, destacou.
Jackson finalizou sua palavra, lembrando que a sinceridade com que os autistas se comunicam “quebra a vaidade e o protocolo”.
Além de cantarem como dupla nas igrejas de todo o Brasil, Jackson e Talita também atuam como voluntários no Ministério “O Bom Samaritano”, que ajuda a resgatar dependentes químicos, em no município de São José, na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina.
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