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Quais cepas do coronavírus circulam pelo Brasil?

Pesquisa da Fiocruz aponta a existência de 92 cepas em todo o território nacional, mas algumas são mais preocupantes

Atualmente existem 92 cepas do coronavírus circulando por todos os estados brasileiros, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre elas, três preocupam a comunidade de saúde, por possuírem maior capacidade de transmissão: a variante P1 (identificada em Manaus); B.1.1.7 (Reino Unido) e a B.1.351 (África do Sul).

O epidemiologista e professor das faculdades de Medicina da UFC e da UNICHRISTUS, Luciano Pamplona, explica que entre as centenas de cepas existentes do mundo, predominam-se aquelas que possuem maior transmissibilidade.

“Se uma cepa for mortal, a pessoa vai pegar, vai adoecer e vai morrer. Esse vírus não tem chance de se espalhar rapidamente. Tende a se espalhar mais as [cepas] que causam infecção assintomática, doenças mais leves, como a P1, por exemplo”. Segundo o epidemiologista, a detecção de cepas no Brasil é feita por pesquisas e não por exames de rotina nos serviços de saúde.

No site da Rede Genômica da Fiocruz é possível conferir um infográfico, em constante evolução, com as cepas do coronavírus em circulação no país. O conteúdo é resultado da colaboração entre pesquisadores de todo o Brasil e a iniciativa GISAID.

Arte - Brasil 61

O epidemiologista e coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Brant, destaca a importância da vigilância genômica dos vírus, como já é feito anualmente com a Influenza, para determinar o tipo de vacina que será aplicada na população.

“Nós temos que monitorar no mundo inteiro essas variações, para poder definir as que estão ocupando o maior número de casos e as mudanças genéticas que possam levar a um possível escape da vacina no futuro.”

Nesse sentido, o especialista ressalta a importância de reduzir rapidamente a transmissão do coronavírus e aumentar a cobertura vacinal.

“Essa é a grande cobrança que o mundo vem fazendo das estratégias de enfrentamento do Brasil. Porque hoje o Brasil se tornou o país com a maior transmissão do mundo e podemos ser o celeiro de uma nova variante – que pode surgir a qualquer momento – que escape da vacina”, comenta.

Aumento de óbitos e casos de Covid-19

O doutor e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marco Clementino, relaciona o aumento de mortes pela Covid-19, em 2021, com a maior capacidade de transmissão das novas variantes do vírus.

“O aumento no número de mortes é provavelmente devido ao aumento nas taxas de infecções, ou seja, mais pessoas estão sendo infectadas pelo vírus. Variantes que são transmitidas mais facilmente podem ser responsáveis pelo aumento de casos.”

O epidemiologista da UnB, Jonas Brant, ressalta a sobrecarga no sistema de saúde causado pelo aumento de infecções.

“A gente tem visto uma das características dessa variante P1: ela aparentemente tem maior velocidade de transmissão e com isso tem atingido grupos mais jovens e aumentando a sobrecarga na rede hospitalar. A mesma coisa aconteceu com a [cepa] inglesa.”

No entanto para Brant, não são apenas as cepas que contribuíram para o aumento de casos no Brasil.

“Essas novas variantes nos colocam em um cenário de maior complexidade, mas acredito que não é o único fator. Outros países que tiveram mutações importantes, como por exemplo o Reino Unido, conseguiram lidar com esse cenário, utilizando as ferramentas da ciência para enfrentamento da pandemia.  O maior problema do Brasil é que nós estamos somente mitigando os impactos.”

Segundo o epidemiologista, medidas como aumento do número de leitos hospitalares não são muito frágeis, já que o sistema de saúde não possui médicos e insumos suficientes para manter a qualidade da assistência. Com isso, a taxa de letalidade pode continuar aumentando.

Medidas de prevenção

O epidemiologista Jonas Brant afirma que as medidas de prevenção para as novas cepas do coronavírus continuam as mesmas: uso de máscaras, manter os ambientes ventilados, evitar aglomerações, higienizar as mãos etc. Ele também recomenda reforçar a filtragem das máscaras.

“Nesse momento em que a probabilidade de entrar em contato com pessoas com vírus é cada vez maior, o uso da máscara de pano deve ser substituído pela máscara cirúrgica, por baixo da máscara de pano, ou pela máscara N95 ou PFF2. O uso de filtragens melhores pode garantir maior proteção.”

 

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