Queixada, porcão e porco-do-mato são alguns dos nomes pelo qual o Tayassu Pecari é conhecido. Esse mamífero da fauna brasileira, consumidor de frutas e sementes, contribui para o equilibrio ecológico fazendo a dispersão das sementes e está sob forte ameaça de extinção. Na área que corresponde ao trecho norte do Rio São Francisco, que compõe os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, conhecida como Centro de Endemias de Pernambuco, região norte do bioma Mata Atlântica, por exemplo, o queixada foi extinto há mais de 30 anos.
Em busca de recuperar a fauna, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), firmou parceria com a Uesb, a fim de reintroduzir o queixada na área de preservação ambiental da Estação Ecológica de Murici, em Alagoas. Para isso, a Universidade fez a doação de 30 desses animais, e a equipe do ICMBio esteve, na terça-feira, 31, no campus de Itapetinga, para buscá-los.
“Na Estação Ecológica de Murici, a gente está recuperando a fauna há cinco anos e meio. É uma gestão mais rigorosa no controle da caça e uma das espécies que não existe nessa região inteira é o queixada”, explicou Marcos Freitas, analista ambiental do ICMBio e gestor da Estação. “Agora, tem bastante caititu, que é um porco do mato menor, mas também estamos recuperando populações de veado, paca, macaco guariba, jaguatirica, entre outros. O queixada é mais uma espécie muito importante, que a gente vai conseguir fazer a recuperação”, complementou.
Para o analista, a parceria entre a Universidade e o Instituto é de suma importância.“É uma parceria fantástica, porque uma vez que tem uma Universidade que fomenta pesquisa, manejo e criação de animais silvestres e que pode contribuir com a reintrodução desses animais na natureza, como é esse caso aqui, quando a espécie não existe mais, é fantástico, porque ajuda a recuperar a fauna de uma região” destacou Freitas.
Os animais no campus da Uesb – Desde 2006, o campus de Itapetinga obteve o plantel de queixadas do Parque Zoológico da Matinha. De acordo com o professor Dimas Santos, vinculado ao Departamento de Tecnologia Rural e Animal (DTRA) e assessor administrativo do campus, na ocasião, foi solicitado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o registro como criador comercial. O objetivo de aquisição foi, principalmente, atender às demandas relacionadas às aulas práticas dos cursos de Zootecnia e Biologia, bem como as pesquisas científicas.
“Nós já trabalhamos com algumas pesquisas de cortes de carnes, rendimentos de carcaça e também na área de comportamento e ambiência. Na verdade, o propósito era atender a Pesquisa e o Ensino, mas surgiu o interesse do ICMBio, de solicitar a doação de um grupo de animais para a reintrodução em uma área de conservação”, pontuou o professor.
Para Santos o processo de reintrodução é muito delicado e precisa de constante monitoramento para que haja sucesso. “Normalmente, existem os fatores que levaram à extinção e, se eles estiverem presentes, levarão, novamente, ao desaparecimento da espécie. Então, precisa ter monitoramento, fiscalização de controle da caça e, principalmente, o que a gente tem visto, que é a redução de habitat e o desmatamento, que têm causado um problema muito sério para essas populações de vida livre”, concluiu Dimas Santos.
Fonte: Ascom – UESB