Estudos científicos desenvolvidos na Uesb auxiliam centenas de produtores rurais e impactam, inclusive, o consumo dos alimentos que chegam em nossas mesas.
Você já parou para pensar de que maneira o que é produzido pela universidade impacta a sua vida? Quando pensamos na produção de ciência, imaginamos que o conhecimento gerado pelos cientistas é distante, não estando presente nas coisas mais simples do nosso dia a dia. Entretanto, a produção científica está presente na vida cotidiana, nas mais diversas áreas, incluindo os alimentos que vão para a nossa mesa.
Fazendo parte dessa construção de conhecimento, a Uesb se aproxima da comunidade além dos muros da universidade. Desde o pequeno produtor, comerciante e até a mesa da sua casa, esse caminho impacta positivamente a sociedade.
Este é o caso do projeto Umbu Gigante da Uesb, que atua desde o ano de 2014, fomentando o desenvolvimento rural de comunidades de agricultores familiares por meio da cultura tradicional do umbu. Ademário da Silva Ribas, de 58 anos, reside no município de Anagé e já é conhecido na região como “Zé do umbu gigante”. Ele conta que, antes de conhecer a cultura do umbu, atuava como pedreiro e viajava, constantemente, para São Paulo a trabalho. “A minha vida era ir três vezes por ano lá em São Paulo. Trabalhava três, quatro meses e voltava. Essa era a minha vida. Até eu conhecer o projeto Umbu Gigante”, relembra.
O produtor teve acesso ao projeto por meio de um encontro promovido pela Secretaria de Desenvolvimento de Agricultura do município de Anagé em parceria com a Uesb, intermediado pelo professor aposentado, Eduardo Ganem. Após realizarem o plantio de matrizeiro instrumental de 42 mudas de variadas qualidades do fruto, duas mudas enxertadas de umbu lontra foram plantadas no quintal de Ribas, sendo cuidadas por ele por cinco anos até a primeira produção. “Eu fui cuidando dessa muda por quatro, cinco anos meio desacreditado. O professor Eduardo sempre me incentivou e, quando ela veio a produzir pela primeira vez, eu me animei porque era um umbu muito grande”, relata.
A partir desse momento, o produtor passou a comercializar as frutas e expandiu o seu pomar, que já chega a, aproximadamente, 400 pés do fruto. Atualmente, a renda do produtor é gerada totalmente pela cultura do umbu gigante. “Hoje, todas as minhas contas são pagas com o dinheiro do umbu gigante. A minha renda vem disso, já vendi muitas mudas para a região, faço doações de mudas e estamos agora levando o projeto para as comunidades quilombolas”.
Ribas conta que já viajou para diversos municípios com a equipe do projeto, para compartilhar os seus conhecimentos com associações de agricultores. O projeto atende cerca de 13 municípios baianos. Segundo o professor Valdomiro Conceição, membro do projeto, a iniciativa busca, também, o fortalecimento de comunidades de agricultores familiares, além de gerar impactos positivos para o meio ambiente, por meio do replantio de áreas desertificadas. “Fomentar a cultura do umbu é importante, por mais que seja um fruto comum na nossa região, está quase sumindo de algumas áreas”, alerta o professor.
Soluções para o produtor rural
Pragas e doenças que acometem plantações agrícolas comprometem, diretamente, a qualidade dos alimentos produzidos e, por consequência, o seu valor de comercialização. Este é o caso da doença conhecida como sarna comum, causada por fungos do gênero Streptomyces, que atinge plantações de batatas em sua fase de enchimento, causando uma necrose superficial que compromete a aparência da parte externa do tubérculo, embora não altere o seu valor nutricional.
Pensando em uma maneira de solucionar esse problema, sem o uso de agrotóxicos, o agrônomo John Porto pensou em uma maneira de utilizar o controle biológico no combate aos fungos do gênero Streptomyces. “A dona de casa, quando vê a aparência dessa batata na gôndola do supermercado, opta por não comprar esse alimento”, observa.
O pesquisador notou que o uso dos fungos do gênero Trichoderma e a espécie bacteriana Bacillus subtilis apresentavam bons resultados no controle biológico de outros tipos de doenças que acometiam plantações. Após realizar testes em placa de petri, Porto notou que os fungos e bactérias do gênero Trichoderma e Bacillus subtilis fabricavam compostos capazes de controlar os fungos causadores da sarna comum nas plantações de batatas. Com o resultado da pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Uesb, a descoberta pode fomentar a discussão e produção científica em torno da temática, impactando diretamente produtores e consumidores.