Mesmo nas ditaduras mais sanguinárias, profissionais de imprensa souberam contornar toda sorte de dificuldades, da perseguição à tortura, para cumprir com o seu dever de informar à sociedade sobre tudo que for de interesse público. E não foram poucas vidas sacrificadas por isso.
Assim será agora. A ordem estabelecida é a democracia, cuja estrutura, resumida na expressão Estado Democrático de Direito, contempla não somente a garantia das liberdades, mas também os mecanismos constitucionais a serem usados quando estas mesmas liberdades estiverem sob ameaça.
No pleno cumprimento de seu dever profissional, jornalistas, radialistas e empresas de comunicação foram, mais uma vez, vítimas do ódio disseminado para destruir a democracia brasileira. Além da capital federal, tentativas de intimidação na forma de agressões físicas graves, danos e até roubo de equipamentos, foram registrados em pelo menos outras 4 capitais.
A Associação Bahiana de Imprensa se soma às demais entidades da sociedade brasileira, no repúdio uníssono a qualquer tentativa de golpe, e no clamor pela identificação, responsabilização, julgamento e punição de organizadores, financiadores e participantes de quaisquer atos, com ou sem emprego de violência direta, que atentem contra a democracia.
Ao prestar solidariedade aos colegas agredidos, a ABI aplaude e apoia profissionais e empresas de comunicação que seguem contribuindo para que o Brasil se conheça e reconheça, em profundidade.
Nosso repúdio será mais efetivo se o protesto, óbvio e protocolar, vier acompanhado de uma vacina reconhecidamente eficiente contra golpistas de qualquer cepa, variante ou subvariante: jornalismo. Toda tentativa de intimidação merece reação proporcional, na forma do melhor jornalismo que pudermos oferecer à sociedade, expondo mentores e executores à luz. E, com o mesmo vigor, cobrando o respeito ao devido processo legal e celeridade por parte das autoridades.
Salvador, 9 de janeiro de 2023
Ernesto Marques
Presidente – ABI