Parecia um Maracanã como nos velhos tempos. Cheio, pulsante desde o início e com um Fla-Flu que de nada teve de previsível. Gol irregular, gol legal, superioridade. E nesse pacote de emoções o Flamengo venceu o Fluminense por 3 a 1, gols do aniversariante Emerson Sheik, Kayke e Paulinho. Jean, de pênalti, descontou para o Tricolor.
Foi a quarta vitória seguida do Flamengo no Brasileiro, que chegou a 35 pontos, ultrapassou o Fluminense, que ficou com 33, e chegou ao sexto lugar, a três pontos do G-4. Na arquibancada, a torcida já se animou com o canto de “Libertadores qualquer dia eu tô aí”. Enquanto isso, o Tricolor sofreu sua quarta derrota consecutiva no campeonato.
O porém do Fla-Flu foram as ausências de Fred e Ronaldinho, lesionado e com virose, e Guerrero, convocado pela seleção peruana apesar de também estar lesionado.
Na próxima rodada, o Fluminense vai até o Couto Pereira, onde encara o Coritiba, às 22h, na quarta-feira. Já o Flamengo aguarda pelo Cruzeiro, às 21h, no Maracanã.
O jogo
Antes mesmo da partida era possível perceber que a atmosfera do Fla-Flu seria predominantemente rubro-negra. Com o rolar da bola, a sensação aumentou. O Flamengo, ensadecido com o grito da arquibancada, partiu para cima do Fluminense com tudo, em uma correria desenfreada. Os tricolores se assustaram. Com dois minutos de jogo, o Rubro-Negro perdeu duas chances incríveis.
Só não abriu o placar por duas intervenções importantes de Diego Cavalieri. A primeira em cabeçada fulminante de Wallace após cobrança de escanteio. No lance seguinte, Kayke teve ótima chance na frente do gol e bateu forte. Cavalieri, de forma impressionante, espalmou e a bola ainda resvalou na trave esquerda antes de ir para a linha de fundo. A massa rubro-negra pulsava na arquibancada. Empurrava o time. O gol seria questão de tempo. E foi.
Em um Fla-Flu fulminante tão eletrizante desde o início seria difícil não haver lance polêmico, a ser discutido. E ele chegou logo no gol rubro-negro. Na verdade, não foi polêmico. Foi, mesmo, irregular. Em cobrança de escanteio na área, Wallace subiu para tentar a cabeçada e ajeitou de mão para Sheik, aniversariante do dia e na pequena área, que fuzilou para a rede. O árbitro Ricardo Marques Ribeiro validou o lance. 1 a 0.
O Maracanã, então, explodiu. Ocupando três quartos do estádio, a torcida rubro-negra passou a berrar em uma empolgação raramente vista em 2015. O time acompanhou o embalo. Sufocava o Fluminense, marcava na saída de bola. Os tricolores, já desfalcados, tinham dificuldade de encaixar qualquer marcação. Os volantes mal protegiam a defesa e, não raro, os atacantes rubro-negros ficavam no mano a mano com Gum e Henrique.
Muita exposição que resultaria, claro, em gol. Aos 14 minutos, Pará deu lindo passe para Kayke, que entrava na área, bater cruzado, sem chances para Cavalieri. Um baile rubro-negro. O placar não era justo. A vitória, sim. 2 a 0.
Gazeta Press
Por mais 15 minutos, o panorama continuou o mesmo. O Flamengo apertava volantes e zaguerios tricolores e tinha boas chances. Everton, pelo lado direito, corria como nunca. Sheik e Kayke se movimentavam. Era um primeiro tempo difícil para os tricolores. Em uma dessas roubadas de bola, aos 24 minutos, Everton entregou para Kayke na intermediária. Livre entre os zagueiros, ele avançou, olhou com calma para Cavalieri e bateu para fora, perdendo ótima chance.
A partir daí, o Flamengo, de maneira até inexplicável, decidiu administrar a partida. Não pressionava mais o Fluminense e trocava passes e mais passes entre a defesa e o meio de campo. O Tricolor, então, se reorganizou minimamente. Mas tinha pouca força ofensiva. Cícero, sozinho na armação, era facilmente combatido. Michael estava também isolado na frente.
Assim, o Flamengo ainda deu o ar da graça aos 46 minutos, em arrancada de Everton pela direita e cruzamento para Sheik, que chegou rápido na área e desviou a bola, mas para a linha de fundo. Era hora de intervalo para acalmar os ânimos no clássico eletrizante do Maracanã.
Na segunda etapa, mudanças dos dois lados. Oswaldo de Oliveira tirou Armero, colocou Paulinho no time e recuou Everton para a lateral esquerda. Enderson, em desvantagem, sacou Pierre, um volante já com cartão amarelo, para a entrada de Marcos Júnior, um atacante. O jogo ficou escancarado. Lá e cá, os times se lançaram ao ataque.
O Flamengo estava melhor. Ia à frente, rondava a área. E arriscava. Paulinho, com cinco minutos, chutou de fora da área para boa defesa de Diego Cavalieri. No vaivém, aos 11 minutos, Marcos Júnior cruzou bola pela direita e Samir agarrou Michael no ar. Pênalti bem marcado que, no minuto seguinte, Jean cobrou com grande categoria. Bola de um lado, Paulo Victor de outro. 2 a 1. Fla-Flu incendiário.
Rapidamente, o Flamengo começou a trabalhar jogadas pelas pontas para pressionar. Com 14 minutos Samir cabeceou rente à trave direita de Cavalieri. Aos 17, Paulinho cruzou rasteiro para Kayke, que bateu, mas Gum travou na hora certa. O jogo era aberto. Era Fla-Flu. Energia na arquibancada.
Aos 22 minutos, Kayke recebeu de Sheik na direita, entrou na área e tocou por cima de Cavalieri. Gum afastou, mas a bola voltou para o próprio Kayke, que cruzou no capricho para Paulinho. Na pequena área, sozinho, tocou para o fundo da rede. 3 a 1.
A partir daí, virou festa rubro-negra. Canto de “Libertadores, qualquer dia eu tô aí”, aplausos para Márcio Araújo, chances perdidas na frente. O Fluminense ainda tentava sair para o ataque. Mas não conseguiu. Fim de clássico, como nos velhos tempos, vitória rubro-negra e apenas três pontos do G-4.
FICHA TÉCNICA:
FLUMINENSE 1 X 3 FLAMENGO
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 6 de setembro de 2015, domingo
Hora: 16h
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (MG)
Assistentes: Guilherme Dias Camilo (MG) e Marcio Eustaquio Santiago (MG)
Público e renda: 50.468 pagantes / 55.999 presentes / 1.475 cativas / 4.056 gratuidades / R$ 2.511.160,00
Cartões amarelos: Pierre, Osvaldo, Wellington Paulista e Marcos Júnior (FLU) e Wallace, Canteros, Márcio Araújo e Kayke (FLA)
Cartão vermelho: Everton
Gols: Emerson (FLA), aos nove minutos e Kayke (FLA), aos 14 minutos do primeiro tempo; Jean (FLU), aos 12 minutos, e Paulinho (FLA), aos 22 minutos do segundo tempo
FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Wellington Silva, Gum, Henrique e Gustavo Scarpa; Pierre (Marcos Junior), Jean, Douglas e Cícero; Osvaldo (Gerson) e Michael (Wellington Paulista)
Técnico: Enderson Moreira
FLAMENGO: Paulo Victor; Pará, Wallace (César Martins), Samir e Armero (Paulinho); Márcio Araújo (Jonas) e Canteros; Everton, Alan Patrick e Emerson; Kayke
Técnico: Oswaldo de Oliveira