Seja para participar ou para coordenar atividades, os visitantes estão por toda a parte
Além de oferecer ao público uma intensa amostra do conteúdo audiovisual que se produz, hoje, no Brasil, a Mostra Cinema Conquista disponibiliza uma série de atividades acadêmicas, em que as discussões contemplam aspectos do fazer cinematográfico que vão além do que se vê na tela.
A conferência promovida na manhã desta terça-feira, 6, por exemplo, no Teatro Glauber Rocha, tratou da expansão do mercado audiovisual brasileiro, detendo-se especificamente sobre o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), criado em 2007, e a Lei nº 12.485, que estabeleceu, em 2011, um novo tributo para impulsionar o desenvolvimento do cinema nacional.
Para ministrar a conferência, o convidado foi o professor Elder Maia, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Maia, que participa da Mostra pela segunda vez, dedica-se à pesquisa sobre mercados culturais no Brasil, e considera o cinema um dos mais importantes. Tal reflexão é “imprescindível”, como explicou o professor. “Aliada à reflexão sobre linguagem, tecnológica, estética ou aprendizado sonoro, musical, fílmico e documental, uma compreensão mais larga sobre os aspectos econômicos e políticos do mercado é imprescindível. Porque é aí que o estudante decide sua estratégia de atuação e carreira, as escolas e eventuais decisões do futuro”, afirmou.
Ramon Coutinho veio de Salvador unicamente para participar da Mostra. Sua missão em Vitória da Conquista é representar a equipe responsável pelo curta-metragem Muros, exibido na noite desta terça no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Trata-se de um documentário que mostra o olhar do fotógrafo Rogério Ferrari sobre regiões periféricas (no Oriente Médio e em Salvador) e as tentativas de resistência por parte de seus moradores.
A respeito da Mostra, é a terceira edição a que Ramon comparece. “Vejo a Mostra Cinema Conquista como uma das mais acertadas que temos na Bahia, pelo caráter de formação de público”, avaliou o cineasta, após participar da conferência ministrada pelo professor Elder Maia. “Tem o debate, a discussão, o pensamento, a reflexão. É o tipo de mostra que mais se aproxima do que considero ideal”, acrescentou.
Cinema no Interior – Quem foi ao Teatro Glauber Rocha também pôde conhecer o projeto Cinema no Interior, coordenado pelo diretor e produtor pernambucano Marcos Carvalho. A ideia é simples: a equipe vai a uma pequena cidade do interior, seleciona atores, capacita-os em oficinas de interpretação, roteiro e fotografia e captação de áudio. E, por fim, produz um filme de curta-metragem com a participação dos selecionados – que poderá, também, ser exibido em festivais de cinema.
O projeto já passou por outros estados do Nordeste, e recentemente teve sua etapa baiana. A equipe passou por cinco municípios: Mucugê, Andaraí, Lençóis, Ruy Barbosa e Nazaré. Somando-se todos, as oficinas tiveram a participação de aproximadamente 350 jovens. Os curtas produzidos – com duração média de quinze minutos – foram reunidos num DVD, acompanhado por um livro com 92 páginas ilustradas, que mostram os bastidores dessa produção.
‘Sucesso’ – “A gente mede o sucesso de um projeto pelo grau de satisfação dos envolvidos. E, nesse quesito, posso falar com muita segurança que foi um grande sucesso”, avaliou Carvalho, que disse “lisonjeado” diante da oportunidade de mostrar o resultado de todo esse trabalho em Vitória da Conquista. “Nasci em cidade pequena, meu convívio é com a área rural”, disse o produtor, que vive entre Juazeiro e Petrolina. “Mas não tenho como negar que fico bestificado com a estrutura que a gente encontra aqui na Mostra Cinema Conquista, e com a equipe que trabalha aqui”. *Secom