Durante as violentas rebeliões que ocorreram no início deste ano em presídios do Amazonas e de Roraima, uma das cenas que mais chamaram a atenção foi o desespero das mães dos detentos. Fotógrafos registraram a dor e a angústia dessas mulheres por notícias dos filhos.
Independentemente do crime que tenham cometido, a preocupação delas e o amor não mudam. Elas enfrentam sol e chuva para estar presentes nos dias de visita. Passam por humilhações e a comida que preparam com carinho muitas vezes não chega ao destino.
Para muitas mães, a sensação de ter um filho ou uma filha na cadeia é semelhante a da morte. O sofrimento é diário e fica mais intenso em datas comemorativas, como o Dia das Mães. O filho da aposentada Iza Pereira da Silva está preso há três anos e quatro meses no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, palco de outra rebelião em janeiro que deixou 56 mortos.
Iza lamenta passar mais um ano sem a presença dele nessa data especial.
“Dia das Mães pra mim é difícil. Ainda mais quando a família toda está reunida e aí falta ele no meio. Eu prefiro até passar o dia só, isolada. É um sofrimento acompanhar um filho preso, o dia a dia que a gente vai lá, é cansativo”.
Sentimento de culpa, problemas de saúde e depressão são os principais relatos de mães que têm filhos na prisão. A psicóloga Adriana Areque confirma a situação de vulnerabilidade emocional dessas mulheres.
“As mães de filhos encarcerados experimentam o sentimento de vazio, de sofrimento e, muitas vezes, de vergonha por ter sido honesta e por ter uma conduta correta e o filho não ter conseguido absorver esses valores que ela passou. Ao mesmo tempo é revoltante para elas verem o filho nessa situação e não poder ajudar. Isso ocasiona um sentimento de tristeza, de humor mais deprimido. E isso perpassa por todos os momentos da vida dela, enquanto esse filho está dentro da prisão.”
A psicóloga recomenda que as mães que sofrem com os filhos na prisão busquem ajuda médica e psicológica para que aprendam a lidar com toda essa tristeza e não percam a esperança de que eles podem se reabilitar e voltar para casa.
*EBC