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Situação da Viação Vitória é insustentável; empresa não atendeu requerimento da Câmara

Entenda a crise do transporte coletivo em Conquista.

Os pronunciamentos de parlamentares na sessão da Câmara de Vereadores nessa quarta-feira, 18, apontam para a insustentabilidade da Viação Vitória na cidade.

Após a polêmica declaração do prefeito Herzem Gusmão Pereira afirmando que não sabia das alterações nas linhas, que tinha como objetivo suprimir vários veículos, e da entrevista da Coordenadora de Transporte, Valéria Schettini, a uma rádio local, que revelou a desorganização da empresa e as milhares de notificações aplicadas a Vitória, demonstrando provável falta de controle do executivo na prestação de serviço da empresa de transporte de passageiros, foi a vez dos vereadores denunciarem e exigirem ação enérgica da Prefeitura.

Áudio da entrevista do prefeito. Ele fala que não sabia das alterações.

O vereador Cícero Custódio foi o primeiro a censurar o serviço prestado pela Viação Vitória. Coriolano Moraes foi além. O parlamentar lembrou que solicitou das empresas documentos necessários para analisar a situação do serviço oferecido aos passageiros. Somente a Cidade Verde teria enviado a documentação conforme o requisitado. Segundo o vereador, a Vitória não atendeu ao requerimento e apenas mandou papeis relacionados a folha de pagamento, “como se achasse que eu não ia ler. E li todo o material”, faltando certidões e documentos que comprovem o cumprimento do que está previsto no edital.

Ainda segundo Coriolano, a Vitória descumpre suas obrigações e, por isso, ele irá ao Ministério Público Federal e solicitar do executivo que tome medidas para proteger os usuários do sistema e os cofres públicos do Município. O edil refutou a iniciativa da Vitória, que alega ter que receber do município R$ 100 milhões. O vereador convocou os colegas a tomarem ações para que coloquem a Vitória em seu lugar.

Áudio do pronunciamento do vereador Coriolano Moraes.

Valdemir Dias também não deixou passar em branco e solicitou que a Câmara crie uma comissão para acompanhar o sistema de transporte.

Gilmar Ferraz seguiu a mesma linha e afirmou que a viação vitória “é a pior das empresas de transporte coletivo da Bahia”.

Quem se atrapalhou ao falar sobre o tema foi Bibia, líder da bancada de situação. Ao comentar os problemas do transporte coletivo, disse que Vitória e Cidade Verde são uma única empresa. “Não existe duas empresas de ônibus em Conquista” e ainda declarou que a Cidade Verde só trafega em vias asfaltadas.

O líder do Governo, Luís Carlos Dudé, tentou minimizar o bombardeio dos colegas dizendo que o transporte coletivo é um problema nacional, dando a entender que as soluções dos imbróglios envolvendo a Viação Vitória estão fora do âmbito municipal.

As alterações nas linhas da Viação Vitória

Para os que minimamente observam o contexto do transporte de passageiros em Conquista, é notório que as alterações nas linhas têm o objetivo de reduzir gastos da empresa, não refletindo na tarifa. As alterações suprimiam viagens, com intuito de retirar ônibus de circulação. Seriam aproximadamente dez veículos que deixariam de rodar. Dessa forma, a empresa teria economia de combustível, mão de obra, mecânica, entre outros itens.

A decisão provocou reação dentro da própria Viação Vitória. Funcionários questionaram o sindicato, pois a supressão dos horários inevitavelmente provocaria uma série de demissões. Externamente, os usuários bradaram e a imprensa repercutiu, o que deixou o prefeito em palpos de aranha, não restando alternativa a não ser voltar atrás.

As vans no lugar dos ônibus

O prefeito disse em programa de rádio que ao tomar conhecimento da supressão dos horários procurou o secretário Esmeraldino Correia, o qual teria informado que as empresas (no caso apenas a Viação Vitória) não queriam colocar os ônibus para circular em determinadas linhas. Então, ele teria dito a Esmeraldino que colocasse as vans no lugar. Foi uma espécie de barganha, mas não soou bem, levando muitos a acreditar que o líder do executivo estava fomentando a ilegalidade do transporte clandestino.

E se a prefeitura oferecesse a linha a Cidade Verde? Pelo que apurou o Blitz, seria grande a possibilidade de a empresa aceitar. Todavia, essa hipótese não foi cogitada ou divulgada pela prefeitura.

A linha D38: Urbis 6 – Uesb

Ainda na gestão do Partido dos Trabalhadores, da noite para ao dia a Vitória teve uma baixa de mais de 10 veículos em um único dia. A empresa não pagou o financiamento e teve os ônibus recolhidos por via judicial. Não podendo atender a linha D38, o então secretário de mobilidade solicitou a Cidade Verde que assumisse a linha. Foi o que ocorreu.

Confira – Justiça apreende 10 ônibus da Viação Vitória

Com uma frota velha e sem poder recuperar a linha, pois não atendia as exigências contratuais, a Vitória ficava sem o itinerário que mais lhe proporcionava maior arrecadação.

Quando Herzem Gusmão Pereira tomou posse, o diretor presidente da Vitória, Vadir Manssur, logo se reuniu com o novo líder do executivo e recorreu a alegações que fragilizaram o prefeito, argumentando que foi perseguido pelo PT. Sensibilizado, Pereira assimilou a argumentação do empresário e optou em assinar o TAC – Termo de Ajuste de Conduta, devolvendo imediatamente a linha D38, mesmo sem a empresa ter uma frota adequada para operar.

Após nove meses de Governo, sem cumprir o TAC, a Vitória solicitou a supressão de viagens em algumas linhas. A intenção era retirar ônibus de circulação. Solicitação que destoa da justificativa utilizada para ter de volta a D38.

A repentina visita do Secretário de mobilidade a Viação Cidade Verde

Nem bem amanheceu, nessa quarta-feira, 18, o Secretário de Mobilidade, Esmeraldino Correia, acompanhado da Coordenadora de Transporte, visitou a Viação Cidade Verde e tomou café com os funcionários. O secretário teria dado uma breve mensagem aos colaboradores da empresa enaltecendo o serviço prestado. Porém, nossa reportagem procurou várias pessoas da área de transporte público, os quais interpretam a visita do secretário como tentativa de maior aproximação da direção da Cidade Verde.

Com a insustentável crise provocada pela Viação Vitória, restam poucas alternativas para o executivo minimizar os danos. A Cidade Verde pode ser a válvula do executivo com a iminente saída da Viação Vitória. A mais fácil e provável saída é a solicitação de aporte da Cidade Verde, até que o imbróglio com o lote da Vitória seja solucionado.

Diante de todo furdunço envolvendo o transporte coletivo, o vereador Cori promete emitir relatório de diagnóstico da situação do transporte de passageiros, até a próxima semana. O edil já adiantou que a situação é grave e a Vitória não tem cumprido com as suas situações.

Frente a crise postergada pelo executivo desde a gestão anterior, se agravando nos últimos nove meses, é evidente que cedo ou tarde o contrato com a Vitória será cancelado. Todavia, o prefeito deve buscar breve solução e apoio do legislativo municipal.

Alongando a tortura sofrida pelos usuários, o apoio popular ao executivo se esvai e mais a frente não se sabe a que ponto o desastre pode alcançar.

 

 

 

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