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O que pretende Herzem ao exonerar a secretária de saúde Ceres Costa?

“A dinamite, que poderá por em crise o SUS em Vitória da Conquista, virá na sequência, se o nome escolhido for parido das entranhas do setor privado”.

No final da tarde dessa quinta-feira (14) o BConquista entrou em contato com o Professor universitário Luís Rogério Cosme, que também é integrante do Conselho Municipal de Saúde, para que pudesse fornecer informações que esclarecesse  o cenário que motivou a exoneração de Ceres Neide de Almeida Costa da pasta de Secretária de Saúde. Por estar em viagem, o professor tomou conhecimento do fato por meio da nossa reportagem. De imediato, Luís entrou em contato com demais membros do Conselho que já se posicionavam sobre a intempestiva decisão de Herzem Gusmão Pereira. Horas depois, Luís Rogério entrou em contato com o BConquista e enviou um texto em que tenta esmiuçar a obscuridade que permeia a demissão da principal secretária de Gusmão Pereira. Leia;

Por Luís Rogério Cosme* – Acesas estão as luzes amarelas na cidade. Exige-se, mais do que nunca, muita atenção dos atores sociais da saúde em Vitória da Conquista, depois que o prefeito Herzem Gusmão Pereira exonerou  da pasta da saúde o seu melhor quadro técnico:  a enfermeira Ceres Neide de Almeida Costa.

Não fosse em ano eleitoral, essa medida do prefeito talvez passasse despercebida da comunidade. Não sei… Aliás, pouco se pode saber dos bastidores de uma gestão municipal que segue à deriva e piora a cada dia.

“pouco se pode saber dos bastidores de uma gestão municipal que segue à deriva e piora a cada dia.”

Sabe-se, no entanto, que a exoneração ocorre justamente quando a secretária de saúde aprovou, junto ao Conselho Municipal de Saúde (CMS), o Plano Plurianual do Setor (ontem, dia 13.06.18) que define diretrizes e metas para os próximos quatro anos. Teria ocorrido incompatibilidade entre as metas aprovadas pelo CMS e o desejo do prefeito no quesito saúde?

“Teria ocorrido incompatibilidade entre as metas aprovadas pelo CMS e o desejo do prefeito no quesito saúde?”

Se a formação do melhor quadro técnico-administrativo, “dos seus notáveis”, como salientava o prefeito antes da posse, pode agora abrir mão de uma profissional como Ceres, o que teremos pela frente senão um “Deus nos acuda!”?

Vive- se na cidade o prelúdio dos mais tenebrosos enigmas administrativos. Não obstante a seriedade do secretário interino, este é momentâneo, e, somente, o pavio… A dinamite, que poderá por em crise o SUS em Vitória da Conquista, virá na sequência, se o nome escolhido for parido das entranhas do setor privado. Que tenha sapiência o prefeito ao indicar um novo nome… Que saiba ouvir o “sopro de Deus”… Porque não é fácil lidar com um controle social que tem trajetória cívica modelada em várias décadas, tampouco com as necessidades de saúde da nossa população.

Lidar com o Conselho Municipal de Saúde, quando o assunto é saúde universal, como direito de todos e dever do Estado, é tarefa para militantes da saúde pública. Mal ou bem, Ceres se enquadrava nesse perfil.  A relação dos gestores com o CMS é algo construído processualmente.  Não é aventura para burocratas e amadores. Ceres e sua equipe (formada por jovens profissionais) estava a construir essa relação em patamares elevados (não sem conflitos, naturais na democracia) mas se permitindo, gradativamente, ao aprendizado mútuo com o controle social. Surge daí, outra indagação:  uma gestão verticalizada ou autocrática  como a de Herzem aceitaria uma relação democrática com o controle social como a secretária vinha conduzindo? É de duvidar. Não se esquece o prefeito, certamente, que o CMS, contrariando seu desejo, aprovou a adesão do município ao Consórcio Intermunicipal para a implantação da policlínica de especialidades. Noutro momento, o mesmo Conselho rechaçou a proposta de terceirização do Samu 192.  Esperava ele que a secretaria fosse mais enérgica em relação a isso? Que “peitasse” o CMS na contramão da participação social preconizada na Lei Orgânica da Saúde? O afastamento dela teria alguma relação com sua rigidez no uso dos recursos da saúde, em sendo ela auditora do SUS?

Não se pode negar a natureza “dura no trato” que define o caráter de Ceres nas relações interpessoais .  Ela tem postura  inflexível, varias vezes, e sabe disso. Mas,  em se tratando de um Sistema de Saúde, tão amplo quanto o de Vitória da Conquista, não é simples acreditarmos que suas “peculiariadades” tenham sido o motivo do seu afastamento do setor . O prefeito tem sido mais duro que a sua ex-secretária e nem por isso se auto-exonerou.

“Se a formação do melhor quadro técnico-administrativo, “dos seus notáveis”, como salientava o prefeito antes da posse, pode agora abrir mão de uma profissional como Ceres, o que teremos pela frente senão um “Deus nos acuda!”?”

Nesse contexto, que ousamos esboçar , cheio de especulações,  admitamos,  não é aceitável pensar que “Ceres caiu!”. Quem deixa um governo municipal agonizante, dúbio como esse , por opção ou por exoneração,  arrisco dizer que se eleva, se levanta, até sobe mais um pouquinho, curricularmente falando!

(*) Luís Rogério Cosme é enfermeiro, docente da UFBA e Conselheiro Municipal de Saúde, pelo Coren-Ba .

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