*Por Ernesto Marques
Não é intriga da oposição, não é coisa dessa imprensa comunista canalha, não é teoria de esquerdopata. Está lá no depoimento do general Ernesto Geisel à FGV, quando perguntado sobre o então tenente Bolsonaro (só passou a capitão quando e porque foi “saído” do Exército: um mau militar.
No jargão da caserna, um “bunda-suja”. Um oficial sem… méritos, digamos assim, para ascender na carreira militar, até o generalato. O processo que levou à sua saída do EB, mal comparando, foi primeira facada que o salvou politicamente.
Naquela altura, livrou-se, entre outras obrigações, do dever com a disciplina de estudos. Não teria mais os cursos de formação e aperfeiçoamento condicionantes para as promoções, ao lado do critério de tempo de serviço.
Livre de provas, livre de livros. E, claro, livre da hierarquia e da disciplina. Como negar que Jair ame a liberdade?
Mais ainda: livre para a vida com soldo de capitão garantido pelo resto da vida! Para a larga maioria de nós, dignos patriotas, homens e mulheres de bem, isso já seria suficiente para suprir as necessidades básicas da família e sonhar em deixar a base para os filhos seguirem em frente.
Para Bolsonaro e seu clã foi o caminho da prosperidade e ele fez fortuna em 30 anos de profissional da velha política. Deixar uma carreira estável no Exército para aventurar-se nas agruras da militância política não representou qualquer risco para ele e nem para seus rebentos.
Deu exemplo dentro de casa. Apesar de só ter dado uma “fraquejada”, nenhum dos seus quatro varões quis servir à pátria.
O primeiro zero nasceu para a política com a missão de abortar a carreira política da mãe, que tentava reeleição como vereadora do Rio de Janeiro, logo depois de se separar de Jair.
Um outro zero do presidente pelo menos é bem sucedido nos negócios. Recentemente comprou mansão de R$ 6 milhões com os ganhos como vendedor de chocolate.
O outro zero é meio bananinha, mas pelo menos fala inglês fluentemente…
E o zerinho, último espirro antes da fraquejada final, é o orgulho do papai que usava dinheiro do auxílio-moradia da Câmara Federal “pra comer gente”. Já ficou com mais da metade das meninas do condomínio. E apesar da tenra idade, já é um empresário de sucesso, o zero-prodígio! E por isso, assim como os irmãos, não teve tempo para servir ao glorioso Exército Brasileiro.
Considerada a razão que o levou a mais uma internação hospitalar depois de abrir fogo contra o Senado, e contra o presidente do TSE, a obstrução diagnosticada por médicos leva a crer que o intestino está para Bolsonaro, assim como o coração está para a maioria das pessoas, como sede das nossas razões e emoções.
Natural, portando, que ele cague (seria contagiosa, a escatologia presidencial?) para tudo que não couber na sua foto de família. O coprófilo presidente seria insuperável se não conseguisse a proeza de apenas dar descarga para encher o vaso novamente logo em seguida. Superou-se no agora histórico desfile bufão de 10 de agosto.
Até aqui já se sabia do desprezo do eleito no segundo turno de 2018 por democracia, eleições e pelas urnas eletrônicas. Denunciado por fraude eleitoral nos velhos tempos do voto em cédula de papel, já tinha alvejado centenas de vezes, cada uma das instituições representantes do sistema democrático: organizações da sociedade livremente organizada, universidades e instituições científicas, a imprensa, os partidos políticos, a diplomacia brasileira, o Legislativo, o Judiciário.
O que jamais se poderia supor é que, desobstruído, Bolsonaro apontasse o seu canhão e disparasse o seu desmoralizador ataque justamente contra o as Forças Armadas. Os fardados, desfilados ou não, viram-se expostos ao ridículo diante das forças armadas do mundo inteiro naquele desfile patético. As FAA responsáveis por gigantescas reservas naturais, guardiã de uma das maiores democracias ocidentais, foi exposta ao ridículo.
Diante do flatulento desfile, ganharam o mundo as imagens do comandante-em-chefe da Forças Armadas Brasileiras, que na ativa não passou de tenente, no parlatório como um ‘duce”. À sua frente os blindados peidavam fumaça de óleo diesel pela Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes para o escárnio global
Definitivamente, Geisel estava certo: um mau militar.
*Ernesto Marques é jornalista e radialista