As várias placas de outdoors espalhadas na cidade pelo Vereador Davi Salomão, do PTC, estão gerando furdunço na cidade.
As placas fazem aluzão à intervenção militar. Os outdoors provocaram revolta em vários setores da comunidade e, também, apoio ao vereador nas redes sociais.
Um dos outdoors foi colocado no acesso a Uesb – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, e parte da comunidade universitária se sentiu afrontada, rasgou o outdoor e picharam.
Nas redes sociais, o vereador pediu auxilio para que pessoas ajudem na identificação dos manifestantes e promete processá-los, pois o ato dos manifestantes é considerado vandalismo. Apoiadores de Salomão compraram a briga e inciaram à caçada para identificar os “vândalos”.
Um dos mais conhecidos e respeitados advogados da Cidade, Ruy Medeiros, que também é historiador e professor e foi preso político no período da intervenção militar, participou do ato da destruição do outdoor. Ele repudiou a ação do vereador e exigiu explicação da câmara municipal e da empresa que realizou a colagem.
O ponto nevrálgico nesse caso é contexto histórico local. Quem conhece a história política da cidade sabe que a capital do Sudoeste foi trincheira contra o regime ditatorial, o que resultou na prisão do prefeito na época, José Pedral Sampaio, na perseguição de mais de duzentas famílias e tortura de muitos conquistenses, entre eles o advogado Ruy Medeiros, que vivenciou o sofrimento imposto pela ditadura e perdeu muitos amigos que eram contrários ao regime.
Não é a toa que na Praça Tancredo Neves, próximo a Catedral, existe o Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos da Bahia. A obra de arte traz uma figura humana vazada, dando o sentido de ausência. A arte é dos conquistenses Romeu Ferreira e Ana Palmira Cassimiro.
Aos que recorrem à lei e as garantias de direito, justificando intervenção, cai por terra os argumentos quando invocada a história de pessoas como Franklin Ferraz. Quase todos o conhecem de nome, mas não sabem de quem se trata.
Franklin Ferraz foi o primeiro juiz a ocupar a presidência da Junta de Conciliação e Julgamento de Vitória da Conquista. Por ser obstinado na luta pela justiça e defender ideais sociais, foi deposto de sua função, sendo preso e submetido as mazelas impostas pelo regime ditatorial.
Um dos fatos que chama a atenção para atuação militar na cidade é o fato de não haver uma resistência armada dos oprimidos.
A ação do vereador de defender a intervenção é o testemunho de que existe democracia. Porém, o ato de “vandalismo” dos universitários é a expressão dos que lutam para garantir o direito da continuidade da democracia.
