Os três adolescentes foram presos no Dia de Ação de Graças de 1983 e considerados culpados por um crime repugnante: teriam matado a tiros um garoto de 14 anos quando ele percorria o corredor de seu colégio de ensino médio, a caminho do refeitório.
Segundo as autoridades, eles queriam a jaqueta do garoto. Vista como mesquinha e assustadora, essa motivação provocou indignação em Baltimore, nos Estados Unidos, onde um júri rapidamente condenou os rapazes por homicídio e os sentenciou à prisão perpétua.
Trinta e seis anos mais tarde, promotores anunciaram que as condenações foram equivocadas. Eles agora reconhecem que o verdadeiro assassino foi outro adolescente.
Nesta segunda-feira (25), os três homens, agora cinquentões grisalhos, saíram da prisão, libertados depois de passar toda sua vida adulta atrás das grades.
Como parte de uma série de revisões de processos judiciais antigos e questionáveis, um setor da procuradoria pública de Baltimore identificou vários erros na investigação do caso do adolescente morto no colégio.
A revisão concluiu que foi um estudante diferente, já falecido, quem atirou em DeWitt Duckett, o aluno de 14 anos morto quando andava na escola Harlem Park Junior, em Baltimore.
Na segunda-feira (25) o juiz Charles Peters, do tribunal de Baltimore, aceitou o pedido apresentado pela promotoria estadual para inocentar os três homens.
“Estou com o coração partido por estes três homens, que precisam agora se conformar com o fato de que vivemos em um mundo que foi capaz de tirar 36 anos da vida de homens inocentes”, disse Marilyn Mosby, que assumiu a direção da procuradoria estadual em 2015, décadas após o julgamento original.
“O que está ocorrendo hoje não é uma vitória. É uma tragédia que esses homens tiveram 36 anos de suas vidas roubadas.”
Procuradorias em todo o país estão designando investigadores para rever condenações nos casos em que as evidências sugerem a possibilidade de terem ocorrido erros.
De San Francisco a Nova York, procuradores agora têm equipes de investigadores especializados para vasculhar provas antigas.
Dezenas de pessoas vêm sendo libertadas todos os anos graças à descoberta de erros importantes em seus processos ou de evidências de erros de conduta por parte de policiais ou promotores.
* The New York Times / publicado pela Folha