Minutos após Luiz Henrique Mandetta anunciar no Twitter a sua demissão do cargo de ministro da Saúde, nesta quinta-feira, 16, a imprensa internacional começou a noticiar o fato. Os principais veículos destacaram a popularidade de Mandetta e o seu apelo em favor das medidas de isolamento social para conter o avanço da Covid-19 no Brasil, que já reportou 30.425 casos da doença e 1.924 mortes, segundo o Ministério.
“Bolsonaro demite ministro da saúde popular após disputa por resposta a coronavírus”, publicou o jornal britânico The Guardian, que classificou o presidente como de “extrema-direita”. “Mandetta defendia o isolamento social, enquanto o presidente de extrema-direita insiste que o impacto da pandemia na economia brasileira é mais importante do que a perda de vidas”, mencionou a publicação.
A chamada do jornal francês Le Figaro, que também descreve Mandetta como “popular”, foi “Bolsonaro exonera seu ministro da Saúde em meio à crise do coronavírus”. Sobre o sucessor de Mandetta, Nelson Teich, o jornal francês afirma que ele já havia sido procurado após a eleição de Bolsonaro, em outubro de 2018, mas Mandetta foi preferido, principalmente por causa de seu apoio político no Parlamento. “Em um artigo publicado recentemente, [Teich] lamentou ‘a polarização entre saúde e questões econômicas’ [em relação ao isolamento social]”, concluiu o jornal francês.
O espanhol El País relatou que o ex-ministro, “um médico que apela à ciência”, se recusava a pedir demissão, só saindo da pasta a mando de Bolsonaro. Segundo o jornal, “há várias semanas, os brasileiros acompanham minuto a minuto o pulso do presidente e seu ministro da saúde em relação ao isolamento social”.
Na América Latina, o argentino Clarín disse que a saída de Mandetta era “esperada, mas envolve enormes riscos políticos e de saúde, uma vez que o país deve entrar em breve no momento mais agudo da pandemia de coronavírus.”
O Washington Post também ressaltou as desavenças entre Mandetta e Bolsonaro em relação ao distanciamento social: “Bolsonaro despede o ministro da Saúde, Mandetta, após diferenças sobre a resposta ao coronavírus”.
O jornal americano alega que a constante atenção dada pelos brasileiros ao embate entre o ex-ministro e o presidente ao longo desta semana ofuscou questões sobre a situação dos surtos da Covid-19 no país. “Dada a severamente limitada capacidade de testes no Brasil, acredita-se que os casos e as mortes estejam subnotificados significativamente. Mas grande parte do foco do país nos últimos dias estava na especulação generalizada de que Bolsonaro estava prestes a demitir Mandetta”, disse o Post.
*Veja